Folha de S. Paulo


Ministério da Defesa vai delegar poder aos comandantes militares

O Ministério da Defesa vai editar uma portaria para delegar aos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica a competência da edição de atos relativos a pessoal militar. A função já era dos comandantes, mas foi passada ao ministro da Defesa, Jaques Wagner, por decreto assinado por Dilma Rousseff.

O texto, publicado na sexta (4) no "Diário Oficial" da União, causou polêmica entre os militares.

O governo tenta minimizar o desgaste com as Forças Armadas, que já estavam insatisfeitas com a ideia do Planalto de retirar o status de ministério do Gabinete de Segurança Institucional, comandado pelo general José Elito.

O decreto estava parado na Casa Civil havia três anos, e a assinatura sem aviso prévio de Dilma gerou surpresa. Nem a cúpula do Ministério da Defesa nem oficiais das Forças Armadas pareciam estar plenamente informados da decisão da presidente.

De acordo com a Casa Civil, porém, quem solicitou o envio do decreto à presidente foi a Secretaria-Geral do Ministério da Defesa.

Diante da polêmica, a pasta precisou divulgar uma nota, na tentativa de esclarecer que o decreto tinha como objetivo apenas atualizar um anterior, de 1999, que ainda considerava como existentes os antigos ministérios da Marinha, Exército e Aeronáutica.

À Folha, Wagner foi enfático: "Não houve nenhuma intenção de usurpação de poder. Foi simples normatização".

Entre as atribuições que passaram, por ora, para as mãos do ministro, estão a transferência para a reserva remunerada de oficiais superiores, intermediários e subalternos, reforma de oficiais da ativa e da reserva, demissões a pedido, promoção a postos oficiais superiores, designação e dispensa para missão de caráter eventual ou transitória no exterior, entre outras.

Ainda segundo o texto, que entra em vigor 14 dias após sua publicação, as competências poderiam ser subdelegadas pelo ministro aos comandantes das Forças Armadas –o que será concretizado com a portaria editada pela Defesa em até duas semanas.

Procurados pela reportagem, Marinha e Aeronáutica disseram, por meio da assessoria, que não irão se pronunciar sobre o assunto. O Exército não respondeu aos questionamentos até a publicação desta reportagem.


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