Folha de S. Paulo


Funcionários públicos do RS fazem 'barulhaço' contra governador Sartori

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Um "barulhaço" de oito minutos de duração ocorreu simultaneamente em diversos locais do Rio Grande do Sul no início da tarde desta quarta-feira (2). Os servidores públicos estaduais usaram apitos, buzinas e tambores para chamar a atenção do governador José Ivo Sartori (PMDB) e protestar contra o parcelamento do salário de agosto.

Na segunda (31), os servidores receberam apenas R$ 600. O restante dos salários será pago até o final de setembro, em mais três parcelas.

Os oito minutos representaram os oito meses da gestão de Sartori. Em Porto Alegre, o protesto ocorreu em frente ao Palácio Piratini, sede do governo estadual.

"Não somos vadios. Vamos mostrar ao governador a importância do nosso trabalho", disse uma manifestante no microfone, em referência a uma declaração do líder de Sartori na Assembleia. O deputado Álvaro Boessio (PMDB) chamou os funcionários públicos de "vadios" durante uma entrevista esta semana.

"Quando o sino da igreja acabar de badalar nós vamos começar o barulhaço", convocou Helenir Schürer, presidente do Cepers (Sindicato dos Professores do RS). O Piratini fica ao lado da Catedral Metropolitana de Porto Alegre.

Manifestantes entoavam frases de efeito como "Sartori, mão de tesoura. Cadê o salário da professora?" e seguravam faixas com os dizeres "A culpa não é nossa".

Os servidores públicos também são contra os projetos de Sartori enviados à Assembleia que congelam os reajustes e orçamentos das secretarias.

GREVE GERAL E AQUARTELAMENTO

Desde o início da semana os servidores estaduais fazem greve geral. As escolas estão fechadas, e a Polícia Civil só atende emergências. Os serviços de saúde também atendem apenas casos urgentes.

A Brigada Militar (a PM gaúcha) é proibida de fazer greve, por isso os policias permanecem aquartelados. Desde terça (1º), familiares dos militares e entidades sindicais bloqueiam as saídas de seis batalhões em Porto Alegre e de 90% dos quartéis do interior, segundo Leonel Lucas, presidente da Abamf (Associação dos Servidores de Nível Médio da Brigada Militar).

A Brigada Militar nega o aquartelamento.

CRISE

A União bloqueou nesta terça, pela segunda vez seguida, as contas do Rio Grande do Sul. O novo sequestro de recursos ocorre por causa do atraso no pagamento da dívida com a União.

As receitas que ingressarem nas contas serão sequestradas até o pagamento da parcela do mês de agosto, no valor de R$ 265,4 milhões. Em julho, quando o Estado também atrasou o pagamento da dívida, a União esperou dez dias antes de bloquear as contas. Neste mês, o bloqueio ocorreu após um dia de atraso.

Paula Sperb/Folhapress
Servidores públicos do RS protestam contra governo Sartori após terem salário parcelado
Servidores públicos do RS protestam contra governo Sartori após terem salário parcelado

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