Folha de S. Paulo


Senador petista promete aumentar pressão contra política do governo

Diante do envio da proposta de Orçamento da União para 2016 com deficit, parlamentares petistas prometem aumentar a pressão contra a presidente Dilma Rousseff para que ela mude a política econômica do país, de acordo com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Segundo ele, parte do PT e os movimentos sociais estão cansados da política econômica adotada pelo governo e consideram que o ajuste fiscal praticado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi um "fracasso".

"Hoje, o governo apresenta projeto de lei do orçamento do próximo ano, em que apresenta um deficit primário. Aqui está claramente vinculado a essa política esquizofrênica, essa política monetária de alta taxa de juros, em que gastamos 7,92% do PIB (Produto Interno Bruto) para pagar a dívida. O problema do deficit é essa política fiscal adotada pelo ministro Levy", disse o petista.

Para ele, grande parte da crise econômica vem da taxa de juros vigente no país. "Que política monetária é essa? Então, está aqui um senador do PT, que vai defender a presidenta Dilma até o último instante, mas, pelo amor de Deus, nos ajude a fazer a defesa deste governo, presidenta Dilma. Vossa Excelência sabe o que significa isso", implorou o senador na tribuna do plenário do Senado.

"O que eu peço a Presidenta Dilma é que assuma as rédeas desse processo, que surja a Dilma Coração Valente, com o programa que foi vencedor das eleições, e que mude essa política econômica", completou.

Alan Marques/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 31.08.2015. Acompanhado do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, entrega PLOA 2016 ao presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, na sala de audîência da Presidência do Senado Federal. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
Renan Calheiros recebe texto do Orçamento dos ministros Barbosa (Planejamento) e Levy (Fazenda)

Segundo o Lindbergh, se a presidente não mudar os rumos adotados na economia, ela poderá perder o pouco de apoio que ainda lhe resta. "Queremos aumentar a pressão sobre a presidente para que ela mude, o quanto antes, a política econômica. Essas pessoas que estão indo para a rua fazer o contraponto, para defender o governo Dilma, não aceitam mais", disse.

Apesar das críticas a Levy, Lindebergh não defendeu a sua saída por considerar que a crise econômica e política são muito graves neste momento.

"Não queremos fulanizar a discussão. Mas ela [Dilma] tem que entender que o que prometeram no início do ano, de melhorar a situação fiscal do país, foi cumprido exatamente ao contrário. Eles pioraram muito a situação e ela queimou o seu capital político", disse. "Estamos caminho para a beira de um precipício", completou o petista.

Lindbergh afirmou que pretende apresentar nesta semana ainda um projeto de lei para voltar a tributar, em 15%, as transações sobre lucros e dividendos. Segundo o petista, a proposta não irá afetar grande parte da população e ainda poderá gerar para o governo cerca de R$ 40 bilhões.

"Para nós, não podemos jogar a conta desse deficit nas costas do povo trabalhador, que já está pagando muito com desemprego, com redução da massa salarial. Quem tem que pagar a conta desse deficit são os mais ricos", defendeu.


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