Folha de S. Paulo


Oposição pressionará Cunha a dar seguimento a impeachment

Em meio à turbulência política causada pela denúncia do Ministério Público Federal contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os quatro principais partidos de oposição pressionarão o peemedebista a permitir que o plenário da Câmara dê prosseguimento a um pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.

Em reunião marcada para a próxima terça-feira (25), PSDB, DEM, PPS, SD aproveitarão a piora na relação do Palácio do Planalto com o peemedebista, que acusa o governo federal ] de ter agido para retaliar sua atuação, para unificar o discurso e passar a mensagem de que apoiam o afastamento imediato da petista.

A estratégia, esboçada há algumas semanas por aliados do peemedebistas, é de que ele, a quem cabe monocraticamente a decisão, rejeitaria dar prosseguimento a um pedido de impeachment.

Com a iniciativa, seria possível recorrer da decisão ao plenário da Casa Legislativa, que precisaria do voto de pelo menos 257 dos 513 deputados federais para reverter o despacho e dar seguimento ao caso.

O objetivo da manobra é livrar o peemedebista de assumir isoladamente o desgaste político com o governo federal e, consequentemente, dar um caráter coletivo à ação.

Se o plenário decidir dar sequência ao pedido, é montada uma comissão especial para analisar o tema. Dilma só é afastada caso o processo de impeachment seja formalmente aberto pelo plenário da Câmara, o que só ocorrerá pelo voto de pelo menos dois terços da Casa (342 de 513 deputados).

O governo tem maioria na Casa, no papel, mas essa base tem se mostrado bastante instável e rebelde neste ano.

REUNIÃO

A ideia é de que, além de lideranças e dirigentes dos partidos de oposição, participem da reunião, marcada em Brasília, advogados e juristas, como Miguel Reale Júnior, que elaborou para o PSDB um parecer sobre o afastamento da petista.

As siglas de oposição se dividem sobre apresentarem elas próprias um pedido de impeachment. Os que defendem a medida dizem ter recebido sinais de Cunha de que esse é o melhor momento.

Já os que são contra a iniciativa, parcela atualmente mais numerosa, preferem aguardar os desdobramentos políticos das próximas semanas e assegurar que há chance real de bancar o prosseguimento da tramitação do pedido.

Eventual derrota nessa questão significaria um tiro pela culatra para os adversários de Dilma.

Acuado, Cunha tem acusado o governo de patrocinar sua incriminação no esquema de corrupção da Petrobras. Em público, porém, afirma que não pretende misturar as coisas e promover retaliações contra quem quer que seja.

No encontro, além de analisarem o cenário político atual, será feita uma discussão sobre os atuais fundamentos jurídicos para um eventual pedido de afastamento da petista.

Com o discurso afinado, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, pretende se reunir com peemedebistas tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal para discutir um eventual impedimento da presidente.


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