Folha de S. Paulo


Após denúncia na Lava Jato, Cunha diz que não retaliará 'quem quer que seja'

Um dia após ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta sexta (21) que não irá retaliar "quem quer que seja" e reiterou que não há "a menor possibilidade" de renunciar ao cargo que ocupa.

O presidente da Câmara que participou de evento na Força Sindical, em São Paulo, onde foi recebido aos gritos de "Cunha, guerreiro do povo brasileiro". A denúncia, no âmbito da Operação Lava Jato, foi protocolada nesta quinta pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no Supremo Tribunal Federal.

Dizendo-se "absolutamente inocente", o parlamentar chamou a denúncia de ilação. "Não há uma única prova contra mim nas páginas da denúncia", afirmou. O deputado ainda acusou a Procuradoria de esperar o dia dos protestos para amplificar a repercussão da denúncia contra ele.

Cunha disse ser "muito estranho" que a denúncia contra ele tenha ocorrido no mesmo dia em que ocorreram atos em defesa do governo em todo o país.

"É muito estranho que num dia em que tem evento daqueles que recebem dinheiro público, pão com mortadela [...], querem achar que toda essa lama tenha que ir para o colo de alguém que não participou dela", disse, afirmando que houve "truques de comunicação" para atingi-lo.

"Graças a Deus a gente não tem pena de morte no Brasil", completou Cunha, evangélico. "Senão pediriam a minha morte [na denúncia]."

Ao lado do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, Cunha não falou aos jornalistas durante sua chegada, que causou um princípio de tumulto na rua Galvão Bueno, na Liberdade (região central), onde fica a sede da Força Sindical.

'HERÓI'

Em seu discurso, Paulinho referiu-se a Cunha como "a pessoa mais correta que eu conheci na vida" e "herói". Segundo ele, o Executivo federal tenta empurrar a crise política para a Câmara: "A oposição vai devolver a crise para dentro do Planalto, onde sempre esteve".

Ao final de sua fala, Paulinho foi ovacionado, acompanhado de gritos de "Fora, Dilma!".

Conforme antecipou o "Painel" nesta sexta, diversos líderes sindicais falaram a favor do peemedebista, citando projetos "a favor dos trabalhadores" aprovados após ele assumir a Presidência da Câmara.

Ao defender a atuação de Cunha, o presidente nacional da Força Sindical, Miguel Torres, disse: "Pauta bomba quem plantou foi o governo, no final do ano passado".

Integrantes da Força Sindical ecoaram o discurso do próprio peemedebista, dizendo que ele é alvo de perseguição do PT e do Palácio do Planalto. Gritavam: "Ai, ai, ai, agora a Dilma cai" e "Cunha é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo".

Eduardo Cunha


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