Folha de S. Paulo


Para petista, atos pró-impeachment tiveram 'manifestação nazi-fascista'

Mesmo que a defesa do governo Dilma Rousseff não seja consenso entre os organizadores dos atos marcados para esta quinta (20), parlamentares e lideranças petistas comparecerão em peso na manifestação organizada por entidades de esquerda.

Entre os presentes estará Emídio de Souza, presidente do diretório estadual do PT. Em entrevista à Folha, ele disse que o protesto não terá o mesmo tom " nazi-fascista' dos atos do último domingo (16) contra a presidente Dilma, e rebateu movimentos que criticaram os comerciais do partido chamando as pessoas para irem às ruas.

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Folha - As manifestações anteriores convocadas por movimentos da esquerda não tiveram apoio declarado do PT. Por que mudaram de postura?
Emídio de Souza - Estamos vivendo outro momento político, há um agravamento da crise, uma unificação da direita no país e um movimento de agressividade, então resolvemos apoiar mais ativamente as manifestações. Mas vamos fazer isso de forma pacífica, sem rivalizar.

Qual o balanço sobre os protestos pró-impeachment do último domingo (16)?
O número, mesmo caindo, é expressivo. Mas essa manifestação não chama atenção por isso, mas pelo caráter agressivo, de disseminação de ódio.O desejo de prisão de Lula, de que a Dilma tivesse morrido na ditadura, isso é típica manifestação nazi-fascista. Não vamos responder no mesmo tom, vamos fazer a defesa da democracia, do direito da Dilma de ser presidente. Governo impopular se derrota nas eleições. O problema é que nenhum deles quer esperar o calendário eleitoral de 2018.

O manifesto dos atos desta quinta inclui temas críticos ao governo. Isso não pode criar constrangimento a vocês?
Não. Acreditamos que o movimento é importante mesmo que comporte diferenças. A direita também tem manifestações diferentes. Tem cara que defende o [deputado] Jair Bolsonaro (PP-RJ), que acha que Aécio Neves (PSDB-MG) é pouco crítico, mas eles têm uma agenda em comum: fora Dilma, fora Lula, fora PT. Nós temos que ter uma em comum que una a esquerda.

Como encara as críticas que organizadores fizeram ao PT por fazer convocação por meio de comerciais na TV e rádio?
Muitos setores sociais defendem a democracia, inclusive fora do PT. Parece ter um algum grau de pretensão determinados movimentos pensarem que só eles têm capacidade de mobilização. Há outros partidos além de nós que estão convocando também. Essa história de querer ser dono da rua não funciona. Não me parece que qualquer disputa na esquerda favoreça. Precisamos ter unidade contra a direita.

O PT arcará com com custos dessas manifestações?
Não. O ato é convocado pelos movimentos sociais, o partido está apoiando. Não estamos tendo gastos com som, palanque, nada disso. Nem vai ter essa grande estrutura. Terão caminhões de som, e isso os sindicatos têm, que está mobilizando tem.


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