Folha de S. Paulo


Procuradoria denuncia Zelada por corrupção e lavagem de dinheiro

Mauro Pimentel - 2.jul.15/Folhapress
O ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada ao ser preso pela Polícia Federal
O ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada ao ser preso pela Polícia Federal

O Ministério Público Federal apresentou denúncia contra o ex-diretor internacional da Petrobras Jorge Zelada e outras cinco pessoas por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Zelada, que está preso desde julho, nega as acusações.

Na denúncia, os procuradores afirmam que houve um acerto de propina de US$ 31 milhões na contratação de um navio-sonda Titanium Explorer pela estatal. Deste valor, diz a denúncia, US$ 20,8 milhões (R$ 73,5 milhões pelo câmbio desta quinta) foram efetivamente pagos aos envolvidos.

Zelada e seu ex-subordinado na Petrobras Eduardo Musa teriam ficado com metade do suborno. O restante teria sido entregue ao PMDB - partido que controlava a diretoria internacional - por meio do lobista João Augusto Rezende Henriques. A denúncia não apresentou detalhes sobre como o suposto suborno teria sido distribuído a peemedebistas.

O caso envolve o afretamento por US$ 1,81 bilhão (R$ 6,41 bilhões no câmbio desta quinta) do navio-sonda Titanium Explorer da empresa americana Vantage Drilling.

Baseado em dados de uma auditoria da Petrobras, a Procuradoria culpa Zelada por ter ignorado procedimentos de governança ao celebrar o contrato, em 2008, contra recomendações dos técnicos que faziam objeções ao afretamento do navio-sonda.

A auditoria da Petrobras também apontou irregularidades na contratação de outros três navios sondas.

Além de Zelada e Musa, também foram denunciados Hamylton Pinheiro Padilha Junior, Raul Schmidt Felippe Junior, que teriam distribuído a propina aos funcionários da Petrobras por meio de empresas baseadas em paraísos fiscais. Os pagamentos ao ex-diretor ocorreram em contas na Suíça e em Mônaco.

Padilha fez um acordo com a Procuradoria e passou a colaborar com as investigações em troca de redução da pena.

Documentos remetidos ao Brasil pelas autoridades de Mônaco, citados na denúncia, mostram que Zelada manteve 11 milhões de euros (R$ 42 milhões) em conta não-declarada em um banco do principado. Zelada também teria mantido contas na Suíça, país que passou a investigá-lo formalmente por lavagem de dinheiro.

O último denunciado foi o executivo chinês Hsin Chi Su, representante de uma companhia de Taiwan que participou do contrato. Hoje, ele está sendo processado pela Vantage na Justiça americana.

OUTRO LADO

O advogado Renato de Moraes, que defende Zelada, afirmou que a contratação do navio-sonda foi "absolutamente regular" e que isso será provado no curso do processo. Por meio de seu defensor, o ex-diretor também negou a titularidade das contas bancárias que lhe são atribuídas pela Procuradoria.

"O ex-diretor Zelada jamais recebeu vantagem indevida no período em que esteve à frente da diretoria internacional da Petrobras", disse Moraes.

Em ocasiões anteriores, Raul Schimidt negou que tenha intermediado pagamento de propinas a ex-dirigentes da Petrobras e disse que conhece Zelada desde o tempo que trabalhou na Petrobras (entre 1980 e 1997).

Procurado, o PMDB nacional negou as acusações e afirmou que nunca autorizou ninguém a captar recursos em seu nome dessa maneira.

A Folha não conseguiu ouvir os advogados de Eduardo Musa, Hamylton Padilha e João Augusto Rezende Henriques.


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