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Duque tem primeira reunião com Procuradoria para negociar delação

Paulo Lisboa - 24.mar.15/Brazil Photo Press/Folhapress
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque, quando foi transferido para o presídio em Pinhais, no Paraná
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque, quando foi transferido para o presídio em Pinhais, no Paraná

O ex-diretor da Petrobras Renato Duque teve na manhã desta quarta-feira (5) o seu primeiro encontro com representantes do Ministério Público Federal no Paraná para negociar seu acordo de delação premiada.

A reunião, marcada no dia anterior, estava prevista para 11h na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Por volta desse horário chegaram no local procuradores da força-tarefa e o advogado Marlus Arns, defensor responsável por costurar o acordo, e Renato Duque, que veio escoltado do Centro-Médico Penal.

A reunião de hoje conta tanto com representantes da força-tarefa de Curitiba quanto de membros da Procuradoria-Geral da República, de Brasília, o que indica disposição de Duque em entregar nomes com foro privilegiado.

Segundo a Folha apurou, Duque já não esconde mais dos companheiros da prisão que fará delação. De acordo com pessoas que frequentam o presídio, ele costuma dizer que está magoado por ter sido abandonado pelos amigos e que decidiu entregar nomes de peso.

Quando chegou à PF, o procurador Carlos Fernando negou que tenha vindo ao local para falar com Duque.

O advogado Arns confirmou que houve a primeira reunião de Duque com a força-tarefa da Lava Jato "tanto do Paraná como de Brasília".

"Agora cabe ao Ministério Público Federal avaliar se tem ou não interesse em um acordo. Vamos aguardar a resposta deles", disse.

PRESSÃO

A transformação de Duque em delator foi operada nos últimos dez dias, segundo pessoas próximas a ele.

A família pressionava o ex-diretor por causa dos insucessos dos pedidos de habeas corpus nos tribunais superiores e pelo acúmulo de novas denúncias apresentadas contra ele pelo Ministério Público Federal.

No dia 25, quando a revista "Veja" publicou foto em que Pedro Barusco, ex-subordinado de Duque na Petrobras e delator da Lava Jato, aparece em uma praia em Angra dos Reis (RJ), Duque deu aval à família para procurar um advogado especialista em delação premiada.

Os advogados Alexandre Lopes de Oliveira, Renato de Moraes e João Balthazar de Matos, responsáveis pela defesa até então, foram avisados de que o ex-diretor passara a cogitar fazer um acordo com o Ministério Público Federal.

Na sexta (31), o juiz Sergio Moro transformou Duque em réu na quinta ação penal resultante da Lava Jato. No mesmo dia, o ex-diretor bateu o martelo com o advogado Marlus Arns com o objetivo de firmar o acordo com a Procuradoria.

Na noite de 31, seus advogados até então foram avisados pela família do novo rumo que Duque tomaria e deixaram o caso.

MUDANÇA

Apesar de ter dado início ao processo de delação premiada, Duque ainda não foi transferido definitivamente para a sede da PF, em Curitiba, como acontece com quem opta por fazer a delação.

Essa seria uma primeira conversa, e, se o acordo for firmado, Duque deixará o presídio comum para retornar à PF.

Segundo pessoas próximas à defesa do ex-diretor da Petrobras, o objetivo é que em menos de um mês ele já esteja em casa com a tornozeleira eletrônica.


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