Folha de S. Paulo


Em reunião, governo tenta se articular para evitar ser atropelado por Cunha

Em uma reunião esvaziada, a base aliada a Dilma Rousseff discutiu na tarde desta segunda-feira (3) formas de tentar evitar duas movimentações patrocinadas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ): a aprovação de projetos que representam aumento dos gastos públicos e a entrega para a oposição de postos-chave das CPIs do BNDES e dos Fundos de Pensão.

O clima na reunião, porém, foi descrito como sendo de pouco entusiasmo e de incerteza sobre que caminho seguir. Aliado à oposição e a fatia relevante dos partidos governistas, Cunha tem conseguido derrotar o governo facilmente nos últimos meses.

Pouco antes do começo do recesso do Congresso, Cunha anunciou o rompimento público com o Palácio do Planalto –a quem ele acusa de estar por trás das suspeitas que pesam contra ele no caso da Lava Jato– e anunciou a criação de duas CPIs incômodas para o governo.

O encontro governista se deu no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer (PMDB), o articulador político do governo. Participaram poucos líderes de bancadas aliadas e ministros como Aloizio Mercadante (Casa Civil). Vários partidos enviaram apenas vice-líderes.

O único a falar na saída foi o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), para quem a conversa foi muito produtiva. Segundo ele, o principal objetivo é evitar a aprovação de projetos que representem ameaça ao ajuste fiscal de Dilma.

Entre eles o que eleva a correção do saldo do FGTS a partir de 2016. Guimarães disse que o governo tentará convencer o PMDB e Cunha –que segundo ele estaria mais propenso ao diálogo–a adiar essa votação com a promessa de que haverá apoio a um meio-termo. O presidente da Câmara é o principal padrinho do projeto.

Segundo relatos, um debate que permeou boa parte do encontro foi o temor do governo com as CPIs do BNDES e dos Fundos de Pensão. Cunha articula entregar postos-chave dessas comissões para a oposição. Os governistas tentarão evitar, mas vários deles reconhecem ser baixas as chances hoje de o presidente da Câmara ser derrotados em seus interesses.


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