Folha de S. Paulo


Advogados de Duque que eram contra delação deixam defesa do ex-diretor

Os advogados Alexandre Lopes de Oliveira, Renato de Moraes e João Balthazar de Matos, que atuavam na defesa do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, desligaram-se oficialmente do caso nesta segunda (3).

Declaradamente contrários à delação premiada, os criminalistas protocolaram uma petição na Justiça Federal do Paraná com a renúncia.

"Não defendemos, por princípios nossos, aquele que decide realizar delação premiada. Em nossa visão, o advogado do delator passa a ser o Ministério Público", respondeu Alexandre Lopes à Folha ao ser questionado sobre as razões que levaram o escritório a deixar o cliente.

No documento, os criminalistas afirmam que a motivação da renuncia foi de "foro íntimo". Eles conduziam as ações ligadas ao ex-diretor de Abastecimento da estatal desde a primeira prisão dele, em novembro de 2014.

Réu em quatro ações penais da Lava Jato, Duque passou a negociar sua delação premiada na semana passada, como revelou a Folha.

As conversas com o Ministério Público estão sendo conduzidas pelo paranaense Marlus Arns, que vem tendo encontros com o ex-diretor da estatal na penitenciária em que ele está detido.

Com o desligamento do escritório carioca, Arns passa a ser o defensor de Duque. O advogado foi o responsável por firmar outras delações, como as de Dalton Avancini e de Eduardo Leite, ex-executivos da Camargo Corrêa.

Duque, cuja indicação à estatal é atribuída ao PT, é acusado de ter recebido propinas milionárias em contas no exterior e de usar obras de arte para lavar o dinheiro.

Ele chegou a ser solto após obter uma decisão favorável do ministro Teori Zavascki, no STF (Supremo Tribunal Federal), em dezembro de 2014, mas voltou à prisão cerca de dois meses depois e hoje se encontra detido no Complexo-Médico Penal, em Pinhais.


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