Folha de S. Paulo


Câmeras mostram momento em que bomba é jogada no Instituto Lula; veja

Veja vídeo

As câmeras de segurança do Instituto Lula marcavam 22h18 quando um carro sedan escuro parou em frente ao portão da entidade, no Ipiranga, em São Paulo. De dentro do veículo foi arremessado um artefato caseiro feito com material inflamável e pregos que estourou, danificando o portão da garagem.

Segundo testemunhas, o barulho foi ouvido de dentro do Hospital São Camilo, vizinho do instituto. "Estava de plantão dentro da UTI e o hospital tremeu todo. Daí entrou uma pessoa falando que jogaram uma bomba aqui. Era por volta das 22h20", afirmou o médico intensivista Adauto, que não quis falar seu sobrenome.

Apesar de o instituto ser vizinho de um hospital e de um batalhão da Polícia Militar, nenhum funcionário foi comunicado sobre o fato durante a noite. Os primeiros que chegaram para trabalhar, por volta das 8h, é que tomaram conhecimento do acontecido e chamaram polícia.

Confira as imagens no vídeo acima.

'BADERNA'

Autoridades do instituto classificaram o ato como um "ataque político". Em nota emitida na noite desta sexta, a instituição afirmou que "campanha de ódio contra o ex-presidente Lula (...) ultrapassou todos os limites" e disse que o verdadeiro alvo da bomba eram a Democracia e as liberdades políticas.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo já determinou a abertura de investigação e a realização de perícia pela Polícia Civil. Segundo a Folha apurou, a suspeita inicial da pasta é de que não se trata de um crime político, mas da ação de "baderneiros".

Em evento no Rio, o ministro José Eduardo Cardozo afirmou que a possibilidade de o ato ter tido motivações políticas, como afirma o Instituto Lula, não pode ser descartada.

"Tudo é considerado quando temos um fato sob investigação. A polícia agirá para apurar o que ocorreu pois é uma situação que merece uma investigação e, quando se pegar o autor, é necessário punir", disse o petista.

O ministro disse que já entrou em contato com a Polícia Federal e com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes. "Dialoguei com ele para que juntos possamos analisar o que acontece e tomar as devidas providências."

Em nota, o ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) classificou o fato como uma "agressão à democracia". "O Brasil tem um histórico de diálogo pacífico e rejeição a atos violentos, que esperamos que continue e seja ampliado", disse o ministro no texto. Ele acrescentou, ainda, que a explosão é "inaceitável".

Eduardo Anizelli/Folhapress
Buraco na porta da garagem do Instituto Lula causado por explosão na noite desta quinta-feira (30)
Buraco na porta da garagem do Instituto Lula causado por explosão na noite desta quinta-feira (30)

PROTESTO

Na manhã de hoje, mais uma vez um pequeno grupo se concentrou em frente ao instituto com faixas de protesto. A polícia, que já estava no local para fazer a perícia, identificou todos os presentes. O grupo teve uma discussão com militantes petistas e foi embora logo depois.

O presidente Lula tinha agenda marcada para as 10h desta sexta (31) no instituto, onde costuma fazer seus despachos, mas o compromisso foi cancelado. A segurança dele é feita pelo Estado, como acontece com os demais ex-presidentes da República.

Segundo Marcondes, os diretores da entidade irão discutir sobre a necessidade de novas medidas de segurança para o local.

O perito policial Ivan Ribeiro, que analisou o local e o artefato utilizando no ataque afirmou que o material foi recolhido e levado para o instituto de criminalística. As imagens que foram gravadas pelas câmeras de segurança do instituto estão com os investigadores e devem se tornar públicas em breve.

Leia a íntegra da nota do instituto:

A campanha de ódio contra o ex-presidente Lula, o PT e o projeto de transformação do país ultrapassou todos os limites na noite desta quinta-feira (30 de agosto). O verdadeiro alvo da bomba lançada, de forma covarde, contra a sede do Instituto Lula, é a Democracia, conquistada neste país com a luta e o sacrifício de gerações, luta na qual o ex-presidente Lula e o PT desempenharam papel fundamental, vocalizando os anseios dos trabalhadores e das camadas mais amplas da população.

Os autores do atentado desta quinta-feira carregam o DNA da intolerância, do autoritarismo e da violência política, que ao longo da história deram origem às ditaduras – como a que se abateu sobre o Brasil em 1964 – e ao fascismo em todas as suas formas. O recurso à violência e ao terror é um passo intolerável numa escalada de agressões às liberdades políticas em nosso país.

A sociedade brasileira fez, nas últimas décadas, uma sólida opção pela democracia. O Brasil repudia o terror e a violência política, quaisquer que sejam sua origem e seus propósitos. A democracia brasileira será sempre maior que o ódio e a intolerância.

Rui Falcão

Presidente Nacional do PT


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