Folha de S. Paulo


Para Instituto Lula, bomba caseira jogada em sua sede foi 'ataque político'

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O Instituto Lula classificou de "ataque político" o ataque a bomba que a sede do órgão sofreu na noite desta quinta-feira (30).

"Sabemos que foi uma provocação. A democracia não comporta este tipo de manifestação. Ontem mesmo tivemos uma manifestação de dez pessoas aqui na frente protestando contra o Lula e foi tudo bem, era pacífica. Mas uma bomba caseira nos surpreendeu completamente", afirmou Celso Marcondes, diretor do instituto.

As câmeras do local marcavam 22h18 quando um carro sedan escuro parou em frente ao portão da entidade, no Ipiranga, em São Paulo.

De dentro do veículo foi arremessado um artefato caseiro que, feito com material inflamável e pregos, estourou, danificando o portão da garagem.

Apesar de o instituto ser vizinho de um hospital e de um batalhão da Polícia Militar, nenhum funcionário foi comunicado sobre o fato durante a noite.

Os primeiros que chegaram para trabalhar, por volta das 8h, é que tomaram conhecimento do acontecido e chamaram a polícia.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Buraco na porta da garagem do Instituto Lula causado por explosão na noite desta quinta-feira (30)
Buraco na porta da garagem do Instituto Lula causado por explosão na noite desta quinta-feira (30)

MINISTROS

Participando de um evento de segurança pública no Rio, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a possibilidade de o ato ter tido motivações políticas, como afirma o Instituto Lula, não pode ser descartada.

"Tudo é considerado quando temos um fato sob investigação. A polícia agirá para apurar o que ocorreu pois é uma situação que merece uma investigação e, quando se pegar o autor, será necessário punir", disse o petista.

O ministro disse que já entrou em contato com a Polícia Federal e com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes.

"Dialoguei com ele para que juntos possamos analisar o que aconteceu e tomar as devidas providências."

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo já determinou a abertura de investigação e a realização de perícia pela Polícia Civil.

"Determinei perícia e investigação imediatas. As informações iniciais também foram passadas ao ministro", disse Moraes.

Segundo a Folha apurou, a suspeita inicial da pasta é que não se trata de um crime político, mas da ação de "baderneiros".

Em nota, o ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) classificou o fato de uma "agressão à democracia".

"O Brasil tem um histórico de diálogo pacífico e rejeição a atos violentos, que esperamos que continue e seja ampliado", disse o ministro no texto. Ele ainda acrescentou que a explosão é "inaceitável".

PROTESTO

Na manhã de hoje, mais uma vez um pequeno grupo se concentrou em frente ao instituto com faixas de protesto. A polícia, que já estava no local para fazer a perícia, identificou todos os presentes. O grupo teve uma discussão com militantes petistas e foi embora logo depois.

O presidente Lula tinha agenda marcada para as 10h desta sexta (31) no instituto, onde costuma fazer seus despachos, mas o compromisso foi cancelado. A segurança, como a de todos os ex-presidentes da República, é feita pelo Estado.

Segundo Marcondes, os diretores da entidade irão discutir a necessidade de novas medidas de segurança para o local.

O perito policial Ivan Ribeiro, que analisou o local e o artefato usado no ataque, afirmou que o material foi recolhido e levado para o Instituto de Criminalística. As imagens que foram gravadas pelas câmeras de segurança do instituto estão com os investigadores e devem se tornar públicas em breve.


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