Folha de S. Paulo


Em pé de guerra, Dilma e Cunha marcam jantar na mesma noite

Pedro Ladeira - 16.abr.15/Folhapress
Eduardo Cunha e Dilma Rousseff se cumprimentam em evento do Exército, em abril
Eduardo Cunha e Dilma Rousseff se cumprimentam em evento do Exército, em abril

Em campos políticos opostos, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), distribuíram a aliados comuns convites para um jantar na mesma noite, a próxima segunda-feira (3), quando os congressistas começam a chegar a Brasília de volta das férias de julho.

Acuada por Cunha, que ameaça nos bastidores dar sequência a uma "pauta-bomba" na Câmara e a autorizar o início da tramitação de um pedido de impeachment contra ela, Dilma irá reunir presidentes e líderes das bancadas aliadas no Palácio da Alvorada.

Na mesma noite, Cunha pretende também promover jantar com aliados na residência oficial da presidência da Câmara, no Lago Sul, a cerca de 12 quilômetros de distância do Alvorada.

Embora Cunha e Dilma estejam oficialmente rompidos, vários dos aliados de um também estão na lista de aliados do outro, como o PMDB, o PR e o PP.

"Só espero que a comida seja uma saladinha", ironizou um dos deputados, em alusão ao "choque gastronômico" previsto para Brasília na noite de segunda.

Em seu jantar, Dilma quer tentar obter apoio para evitar exatamente a cristalização de manobras patrocinadas nos bastidores por Cunha, entre elas a autorização para a tramitação de um pedido de impeachment e a aprovação pelo Congresso de possível recomendação de rejeição de suas contas relativas a 2014.

Já Cunha pretende conversar com seus aliados, que incluem os principais partidos de oposição, exatamente o contrário: uma agenda para espezinhar o Palácio do Planalto.

O presidente da Câmara rompeu publicamente com o governo desde que veio à tona a informação de que o lobista Júlio Camargo o aponta como destinatário de US$ 5 milhões em propina. Cunha diz que o governo está por trás das acusações contra ele na Lava Jato.

A assessoria de Cunha afirmou que o convite de Dilma foi posterior ao que o peemedebista despachou aos seus aliados. E que ele avalia se manterá ou não o encontro.


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