Folha de S. Paulo


Presidente licenciado da Eletronuclear preso na Lava Jato está em quartel

Sergio Lima - 26.mai.2011/Folhapress
Othon Luiz Pinheiro da Silva, durante debate na Câmara, em 2011
Othon Luiz Pinheiro da Silva, durante debate na Câmara, em 2011

Preso nesta terça (28) em nova fase da Operação Lava Jato, o presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, está detido num quartel do Exército.

Othon é almirante da Marinha brasileira. Por isso, tem direito a permanecer preso numa organização militar, por prerrogativa estabelecida no Estatuto dos Militares –e não na Polícia Federal, como os demais presos da operação.

O almirante está no quartel do Comando da 5ª Região Militar, em Curitiba, cidade-sede da operação. Lá, fica detido sozinho, num quarto com cama e banheiro que é guardado permanentemente por militares, seguindo protocolos de segurança estabelecidos pelo Exército.

Como sua prisão é temporária, válida por cinco dias, ainda não foi estabelecida uma rotina de banhos de sol. Quando for prestar depoimentos ou tratar de outras diligências, o almirante será encaminhado à Polícia Federal, e sua proteção no trajeto ficará sob responsabilidade dos militares.

PERFIL

Othon foi detido sob suspeita de ter recebido R$ 4,5 milhões em propina, por contratos da usina nuclear Angra 3.

Investigações da Polícia Federal encontraram comprovantes de pagamentos das empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix a uma empresa do almirante, feitos entre 2009 e 2014. Seu advogado, Helton Pinto, informou que irá se inteirar sobre o conteúdo da acusação para tomar as medidas legais cabíveis.

O almirante, de 76 anos, está afastado da Marinha desde 1994, quando se aposentou e abriu uma empresa de consultoria para trabalhar em projetos do setor privado na área de energia.

Othon é considerado uma referência no estudo de combustíveis nucleares. Nas décadas de 70 e 80, ele liderou o programa secreto da Marinha que levou ao desenvolvimento das centrífugas de enriquecimento de urânio, que hoje produzem parte do combustível das usinas nucleares de Angra dos Reis.

Ele assumiu a presidência da Eletronuclear em 2005, quando o PMDB passou a controlar o Ministério de Minas e Energia, e conduziu as negociações que permitiram a retomada das obras de Angra 3, em 2009.


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