Folha de S. Paulo


Governo tem que mudar, diz Cunha, que volta a pedir PMDB na oposição

Pedro Ladeira - 20.jul.15/Folhapress
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que defende saída do PMDB da base aliada do governo
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que defende saída do PMDB da base do governo

Após a divulgação de nova pesquisa que mostra índices baixíssimos de aprovação ao governo Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a defender nesta terça-feira (21) que o PMDB abandone o Palácio do Planalto e siga para a oposição porque o partido não quer "ficar sócio de 7%". Ele disse ainda que a marca mostra que o governo está quase no "cheque especial".

"É uma deterioração do ambiente econômico que consequentemente está levando a deterioração da popularidade. Está muito ruim. Daqui a pouco está chegando no cheque especial", disse Cunha.

Cunha sempre foi um aliado incômodo, mas se tornou adversário declarado do governo desde a semana passada, quando veio à tona nova suspeita contra ele no escândalo de corrupção da Petrobras –notícia que ele atribui a uma dobradinha secreta entre o Executivo e o Ministério Público Federal.

"Realmente quando a gente vê essa pesquisa, a gente vê que realmente alguma coisa tem que ser mudada. É por isso que o PMDB tem rever essa posição [de continuar na base aliada]. É mais uma constatação de que as coisas não estão caminhando bem e algo tem que ser feito", disse o presidente da Câmara.

Cunha, no entanto, afirmou que não espera ter apoio de todo o partido em uma eventual migração para a oposição, mas que vai "pregar" tal mudança no congresso do partido, que será realizado em setembro. "Eu nunca disse aqui que quero levar todo o partido. Eu disse que vou pregar, a minha militância vai pregar, para que a gente deixe a base, até porque nós não queremos ficar sócios de 7%", disse.

Pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça aponta que a popularidade de Dilma é de apenas 7,7%, contra 70,9% de reprovação.

O parlamentar já havia defendido que o PMDB vá para a oposição. O partido, por sua vez, afirma que a decisão de Cunha é pessoal e que continua na base aliada do governo.

Cunha se negou a responder perguntas sobre a Operação Lava Jato, afirmando que só seu advogado falará sobre o tema e que ele, de agora em diante, só comenta política.

Mesmo assim, abordou de forma lacônica os rumores de que setores do governo viram com bons olhos a mudança na delação premiada do lobista Júlio Camargo, que agora acusa o peemedebista de receber US$ 5 milhões em propina.

"Quem vê com com bons olhos [a delação] pode ver lá na frente com outros olhos qualquer outra coisa em relação a eles também."


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