Folha de S. Paulo


PMDB diz que decisão de Cunha é pessoal e que partido continua na base

Ed Ferreira/Folhapress
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anuncia seu rompimento com o governo Dilma Rousseff
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anuncia seu rompimento com o governo Dilma Rousseff

Minutos após a oficialização do rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o Planalto, o PMDB saiu a público para afirmar que a sigla continua na base do governo.

Em nota, o partido diz que a decisão de Cunha é "a expressão de uma posição pessoal, que se respeita pela tradição democrática do PMDB", mas enfatiza que qualquer decisão sobre deixar a base aliada só pode ser tomada "após consulta às instâncias decisórias do partido: comissão executiva nacional, conselho político e diretório nacional".

Cunha anunciou que, a partir desta sexta-feira (17), se considera como oposição. Em entrevista na manhã desta sexta, ele acusou o governo de atuar contra ele ao envolvê-lo em denúncias da operação Lava-Jato e disse que não se deixará contaminar pelas acusações.

O Planalto informou que espera "imparcialidade" do presidente da Câmara na condução dos trabalhos da Casa.

Apesar de sua posição pessoal, Cunha afirmou que continuará seguindo as regras do Congresso, inclusive, pautando propostas do governo.

Cunha responsabiliza o Planalto pelo seu envolvimento na Lava Jato. Para ele, há uma articulação do governo para jogá-lo no centro da operação de investigação. Nesta quinta (16), ele foi acusado pelo lobista Júlio Camargo de receber US$ 5 milhões de propina.

O vice-presidente da República, Michel Temer, é também presidente nacional do PMDB. Questionado como ficaria a situação de Temer caso o partido decidisse sair da base aliada, Cunha afirmou que não haveria mudanças porque ele não vê problemas em Temer continuar no cargo.

Cunha garantiu que defenderá a saída da base governista durante convenção nacional do partido, em setembro.

Em nota, a liderança do PMDB na Câmara informou que a bancada pedirá, após o recesso legislativo, que o partido se reúna para deliberar sobre uma posição partidária.

"A liderança do PMDB na Câmara dos Deputados comunica que, em respeito à posição expressa, de forma pessoal pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha, a bancada do PMDB - tão logo termine o recesso; se reunirá para, dentro de suas atribuições estatutárias, demandar realização de reunião das instâncias superiores do partido, de modo a deliberar acerca da posição partidária", diz a nota.

PEZÃO

Nesta sexta, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), escolheu ficar do lado do governo, disse que é "solidário à presidente" e defendeu as apurações da Lava Jato.

O governador –que esteve com Cunha e Temer em jantar oferecido pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), na última sexta– afirmou que as apurações da Lava Jato] não podem "parar o país".

"Eu sou solidário à presidenta Dilma. Não estou aqui para falar pelo PMDB, falo em meu nome. A gente só consegue as coisas com muita união. A briga, a divergência, têm que ser deixadas para a hora propícia, dos palanques. A gente já passou desse momento. Temos agora que governar", disse, após discursar no encerramento do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), no Rio.

O governador, que já teve seu nome citado na Lava Jato, defendeu as investigações e afirmou que quem for culpado tem que ser punido.

Questionado se o PMDB do Rio iria rachar, como ocorreu durante a campanha –quando parte do partido apoiou a aliança com Aécio–, Pezão disse não responder pelo partido, mas conclamou a união nesse momento.

Eduardo Cunha


Endereço da página:

Links no texto: