Folha de S. Paulo


Procuradoria liga telefonemas a propina

Graciliano Rocha/Folhapress
Apartamento de Bernardo Schiller Freiburghaus, em Genebra
Apartamento de Bernardo Schiller Freiburghaus, em Genebra

Telefonemas trocados entre o executivo da Odebrecht Rogério Araújo e Bernardo Freiburghaus, apontado como operador de propina da empreiteira no exterior, precederam transferências para contas secretas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, na Suíça.

Os procuradores da Operação Lava Jato encontraram 135 ligações entre Araújo e Freiburghaus entre julho de 2010 e fevereiro de 2013.

Ao cruzar os telefonemas com os extratos bancários da conta do ex-dirigente da estatal, os procuradores relacionaram 15 conversas pelo celular dos dois com 22 transferências para Paulo Roberto Costa. Segundo a Procuradoria, a distribuição do dinheiro ocorria em, no máximo, oito dias após cada ligação.

As transferências somaram US$ 5,6 milhões entre março de 2011 e novembro de 2012 e tiveram como origem contas em paraísos fiscais (Suíça, Luxemburgo, Ilhas Cayman, Bahamas e Hong Kong).

Para a Procuradoria, o cruzamento entre telefonemas e transferências corrobora a delação de Paulo Roberto Costa, que afirmou ter recebido US$ 23 milhões no exterior. Ele disse que a maior parte veio da Odebrecht –a empresa nega.

No documento, o Ministério Público Federal opõe-se à revogação das prisões preventivas do presidente Marcelo Odebrecht e de outros executivos do grupo.

Araújo desligou-se do grupo Odebrecht, mas a Procuradoria afirma que ele ainda poderia movimentar contas do grupo no exterior.

Freiburghaus, cidadão suíço, deixou o Brasil no ano passado e vive em Genebra.

"Detendo Marcelo Odebrecht e Rogério Araújo o controle de tais contas, podem fazer contatos com Bernardo Freiburghaus, foragido do país, para que destrua elementos probatórios", escrevem os procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

OUTRO LADO

A assessoria da Odebrecht afirmou que "desconhece completamente os fatos e o teor dos supostos telefonemas apontados". A empresa questionou novamente "o vazamento seletivo de informações, vício que compromete o exercício do direito de defesa."

Os advogados de Rogério Araújo e Bernardo Freiburghaus não foram localizados.


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