Folha de S. Paulo


Investigação da polícia do Rio sobre a Petrobras está parada há 6 anos

Desde 2009, um inquérito da Polícia Civil do Rio sobre suspeitas de fraudes na Petrobras foi remetido 11 vezes para o Ministério Público, acumulou depoimentos de 27 pessoas, ficou desaparecido por dois anos e até hoje as investigações não têm conclusão.

Cinco anos depois, parte das suspeitas presentes no inquérito –irregularidades na diretoria de Abastecimento da Petrobras– acabou sendo desvendada nas apurações da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal em março de 2014.

Procurada, a Corregedoria da Polícia Civil disse que vai apurar "se há motivos que justifiquem o extenso período decorrido desde a instauração do inquérito".

A apuração no Rio começa em fevereiro de 2009, quando uma carta apócrifa apresentando as denúncias chegou ao Ministério Público Federal. O caso foi encaminhado ao Ministério Público do Estado que, por sua vez, pediu para a Polícia Civil abrir um inquérito.

Desde então, teve início uma série de idas e vendas entre polícia e Promotoria.

Um dos alvos da denúncia na carta é Paulo Roberto Costa, que comandava a diretoria de Abastecimento da Petrobras. Em setembro de 2012, a polícia pediu à estatal que Costa e outros 11 funcionários prestassem depoimento, o que nunca ocorreu.

Preso na Lava Jato, Costa fez acordo de delação premiada e aceitou devolver R$ 70 milhões em dinheiro e bens por crimes ligados à empresa.

SUMIÇO

Após três anos, o inquérito desapareceu. Os quatro volumes do caso só foram encontrados pela Corregedoria da Polícia Civil em uma vistoria de rotina em junho de 2014.

Procurada, a Petrobras informou nesta semana que "atendeu integralmente os pedidos feitos pela Polícia Civil por meio de ofício recebido em setembro de 2012".

A estatal diz ainda: "Cabe esclarecer que a Petrobras não foi intimada a apresentar funcionários a depor no âmbito deste inquérito".

A Polícia Civil do Rio informou, em nota, que sua Corregedoria Interna (Coinpol) apura se há motivos que justifiquem o extenso período decorrido desde a instauração do inquérito. "Após análise da Coinpol, a chefia de Polícia avaliará acerca da manutenção da investigação na 5ª DP."

A nota declara ainda que "de acordo com a 5ª DP (Mem de Sá), em 26 de agosto de 2009 foi instaurado inquérito a pedido do Ministério Público, para apurar denúncias do crime de estelionato em contratos". Segundo a polícia, 27 pessoas já foram ouvidas no inquérito.

"Em razão da necessidade de sucessivas prorrogações de prazo, para conclusão das medidas necessárias à devida apuração dos fatos, o inquérito foi remetido ao Ministério Público 11 vezes, para submissão aos promotores responsáveis, no período entre 2009 e 2015." Atualmente, o procedimento está no Ministério Público.


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