Folha de S. Paulo


Juiz solta três executivos e prorroga prisão de ex-funcionário da Odebrecht

O juiz federal Sergio Moro, que atua nos processos da Operação Lava Jato prorrogou por mais 24 horas a prisão de um ex-executivo da Odebrecht, Alexandrino de Alencar, que é apontado por delatores como o responsável por pagamentos de suborno no exterior, o que a empresa nega. Ele, porém, mandou soltar três investigados que haviam sido presos na sexta-feira (19).

Alexandrino ficou conhecido pela proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acompanhou em viagens ao exterior patrocinadas pela Odebrecht. Ele pediu demissão nesta segunda (22) do cargo de diretor da Odebrecht Infraestrutura.

O juiz deu prazo de 24 horas para que o Ministério Público Federal e a defesa de Alexandrino se manifestem sobre o pedido de prisão preventiva do executivo, solicitada pelo delegado da Polícia Federal Eduardo Mauat.

Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Alexandrino participou de reuniões em que se acertou o pagamento de US$ 3 milhões a US$ 5 milhões ao ano em propina para que a Braskem, do grupo Odebrecht, comprasse da Petrobras em condições favorecidas sua principal matéria-prima, a nafta.

Nesta terça (23), Costa prestou novo depoimento à PF em Curitiba e reafirmou o que havia dito no ano passado sobre a Braskem. O doleiro Alberto Youssef também fez essa acusação. Os dois fizeram acordo de delação para obter uma pena menor.

Alexandrino e os outros três executivos foram presos em caráter temporário, que tem duração de cinco dias. O prazo vencia nesta terça-feira, mas a PF pediu que os quatro tivessem suas prisões convertidas em preventiva, que não tem prazo para acabar. O juiz, porém, refutou o pedido.

Os outros três libertados são a advogada Christina da Silva Jorge, e os executivos Antonio Pedro Campelo de Souza e Flávio Lúcio Magalhães. Christina é acusada de ter assumido a o cargo de representante de uma empresa offshore, a Hayley, que os procuradores acusam de ter sido usada para pagar propina em nome da Odebrecht.

O representante original da empresa era o engenheiro João Bernardi Filho, que foi da Odebrecht, desligou-se da empresa há mais de uma década, mas ainda aparece como sócio de empresa do grupo, segundo os procuradores.

Flávio Magalhães foi apontado como operador da Andrade Gutierrez nas investigações e acusado por Youssef de internalizar valores vindos do exterior de maneira fraudulenta. Ele, porém, negou qualquer vínculo com a empreiteira. Segundo o advogado de Magalhães, Guilherme San Juan, seu cliente "jamais foi diretor da Andrade Gutierrez ou pertenceu ao quadro de funcionários da empresa".

De acordo com ele, Magalhães prestou consultoria para esta empreiteira e jamais trabalhou na Venezuela. Youssef afirmou em sua delação que qual o consultor seria diretor da Andrade Gutierrez naquele país.

Antonio Pedro, ex-executivo da Andrade Gutierrez, foi preso sob acusação de ter assinado contratos de consultoria que não foram prestadas por Mario Goes, apontado como repassador de propina na Petrobras.

OUTRO LADO

O advogado de Alexandrino, Augusto Arruda Botelho, disse que seu cliente nega ter feito qualquer pagamento a ex-diretores da Petrobras.

A Braskem disse em nota que "todos os contratos com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados de forma transparente de acordo com as regras de governança da companhia".

Alvos da 14ª fase da Lava Jato/Editoria de Poder


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