Folha de S. Paulo


No Rio, PF identifica contador em empresas investigadas na Lava Jato

Entre os 17 locais em que a Polícia Federal realizou buscas e apreensões, no Rio, na manhã desta sexta-feira (19), um deles chamou a atenção dos agentes: o escritório do contador Rogério Gonçalves, no centro do Rio, suspeito de ser o responsável pela abertura de empresas no Uruguai, investigadas pela Operação Lava Jato.

Havia um mandado de condução coercitiva expedido pela Justiça, mas Gonçalves não foi localizado pelos agentes federais.

No escritório, os policiais encontraram contratos e documentos sobre a formação da empresa offshore Hayley S/A. Entre os sócios da empresa aparece, segundo policiais, o nome do empresário João Antônio Bernardi Filho, preso nesta manhã de sexta, no Rio.

Os agentes ainda reforçaram a suspeita de envolvimento do ex-diretor da Petrobras Renato Duque com a empresa Hayley. Há, pelo menos, um email do contador endereçado a Duque em que ele comunica sobre a Hayley.

Editoria de Arte/Folhapress

Bernardi Filho foi representante da Saipem no Brasil e trabalhou durante os anos de 1990, na Odebrecht, na área de Óleo e Gás. A Hayley é investigada na Operação Lava Jato sob suspeita de ter sido usada para lavagem de dinheiro desviado de contratos da Petrobras.

A Saipem informou à Folha que Bernardi Filho não trabalha mais para a empresa.

Até o momento, as investigações apontam que, por meio da Hayley, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque recebia o pagamento de propinas. O delator Julio Camargo, do Grupo Toyo Setal, relatou ter feito depósitos de US$ 1 milhão numa conta da Hayley na Suíça para Renato Duque (antes ele dissera que a Hayley era de Fernando Soares, mas depois disse haver se enganado).

Duque ainda ocupou por 11 meses um escritório no centro do Rio, sem pagar aluguel, que estava em nome da empresa uruguaia. As duas salas ficam num edifício de alto padrão e são avaliadas em R$ 840 mil.

O mandado de busca expedido pelo juiz Sérgio Moro, da Vara Federal do Paraná, determinou que os policiais buscassem em todos os endereços todos os documentos referentes à Petrobras, à Sete Brasil, à Transpetro ou a empresas offshores, no exterior.

BUSCAS NA ZONA SUL DO RIO

Os agentes da PF chegaram por volta das 6h a dois endereços da Odebrecht no Rio, ambos situados em Botafogo, na zona sul da cidade.

Na sede da Odebrecht Óleo e Gás, os policiais federais permaneceram por mais de dez horas e apreenderam uma série de documentos e computadores. A análise do material será feita em Curitiba.

Em outro prédio da empresa, na praia de Botafogo, os agentes vasculharam as salas de funcionários da empresa durante quatro horas.

Os mandados de busca e apreensão desta nova fase da Operação Lava Jato também foram cumpridos na sede da Andrade Gutierrez, situada na praia de Botafogo.

Colaborou FELIPE DE OLIVEIRA


Endereço da página:

Links no texto: