Folha de S. Paulo


Ministro do PMDB diz que críticas ao PT são por eleições municipais

Em meio à crise entre PT e PMDB, o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) disse nesta terça (16) que a troca de farpas entre membros das duas siglas é consequência das eleições municipais que vão ocorrer em 2016.

Padilha, que é do PMDB, disse ser "absolutamente normal" a disputa de poder entre os partidos e defendeu o lançamento de candidato próprio do partido à Presidência em 2018.

Apesar de afirmar que o PMDB será "garantidor da governabilidade" para a presidente Dilma Rousseff, descartando um rompimento na atual aliança com o PT, Padilha disse que o seu partido não vai "trair seus compromissos".

"Todos os partidos querem ter hegemonia. Qual dos partidos que não busca ter o poder total? Todos buscam, claro, proporcionalmente ao seu tamanho e aos seus quadros. Mas o compromisso do PMDB –que é neste caso orientado pela palavra do presidente [do partido] Michel Temer–, nós somos garantidores da governabilidade, nós somos governo, porque ele é o vice-presidente da República. Mas nós não vamos de nenhuma forma trair os nosso compromissos", afirmou.

O embate entre os dois partidos ganhou força na semana passada, depois que o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) propôs indicar Padilha para a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, o que esvaziaria os poderes do vice-presidente Michel Temer –que acumula a vice com a articulação política.

A movimentação, revelada pela Folha, irritou o vice. Dilma transferiu a articulação política do governo para Temer em abril, no auge da crise política entre o Executivo e o Congresso. Com isso, o vice passou a acumular as funções e colocou na SRI uma equipe de sua confiança.

CUNHA

No final de semana, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez duras críticas ao PT ao afirmar que a aliança entre os dois partidos pode ser rompida caso os desentendimentos se agravem. Cunha também defendeu lançamento de candidato próprio do PMDB à Presidência da República em 2018.

Ao defender candidatura própria em 2018, Padilha disse que Temer também já declarou ser favorável a essa possibilidade. Mas a questão do "quando e como" deve ser decidida em congresso nacional da sigla, com a participação de seus filiados.

"Nós temos sim um compromisso muito grande com a presidenta e com a governabilidade. O presidente Michel Temer é vice-presidente da República, mas isso não nos impede de dar o andamento daquilo que o presidente Michel declarou que nós, em 2018, teremos um projeto próprio de poder", afirmou Padilha.

O ministro disse que o tema vai ser tratado de "cabeça erguida" e de forma "absolutamente sincera e transparente" com o PT, especialmente com a presidente Dilma.

"Eu sou ministro de estado em nome do PMDB, não fora eu um quadro do PMDB não seria ministro de estado. Então, nós temos sim um compromisso muito grande com a presidenta e com a governabilidade."


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