Folha de S. Paulo


Governos reclamam de dificuldade para obter empréstimos

Fernanda Carvalho - 6.abr.2015/"O Tempo"/Folhapress
José Afonso Bicalho, secretário da Fazenda de Minas Gerais
José Afonso Bicalho, secretário da Fazenda de Minas Gerais

Receitas superestimadas, aumento de gastos com custeio e dificuldade para obter novos empréstimos são apontados pelos Estados como os principais entraves para manter o ritmo de investimentos.

A crise econômica e a dificuldade de arrecadação levaram os governos estaduais a cortar drasticamente, em 46%, os investimentos neste ano.

As gestões reclamam de passivos herdados e dizem que os orçamentos previam um cenário econômico melhor, projetando um volume de receitas não concretizado.

Além disso, as finanças ficam mais expostas à estagnação do país porque o ICMS, principal imposto arrecadado pelos Estados, é mais sensível ao desempenho da economia.

Outro obstáculo é o fato de o governo Dilma Rousseff dificultar novos empréstimos. "Há um, dois, três anos, a Caixa estava correndo atrás de Estados para fazer financiamento. Hoje a torneira está fechada", diz o secretário de Planejamento do Distrito Federal, Renato Brown.

No caso de Minas Gerais, a gestão Fernando Pimentel (PT) refez o Orçamento, que só foi aprovado no fim de março. Antes disso, os investimentos não eram permitidos.

O secretário da Fazenda, José Afonso Bicalho, diz que, com a previsão de deficit de R$ 7,2 bilhões, nenhum investimento novo sairá. "Todas as outras obras vão parar enquanto não tiver recursos."

O Paraná atribui o freio ao contingenciamento de 24% do Orçamento. O Estado ainda tenta quitar dívidas com fornecedores.

No Distrito Federal, o governo Rodrigo Rollemberg (PSB) diz que a gestão de Agnelo Queiroz (PT) deixou um deficit de quase R$ 3,5 bilhões, sendo quase R$ 1 bilhão de salários atrasados, dificultando os investimentos.

O governo gaúcho diz que o volume de investimentos em 2014 foi maior porque a gestão anterior tinha à disposição recursos de empréstimos que já se esgotaram.

Santa Catarina afirma que a troca de equipes nas secretarias no segundo mandato de Raimundo Colombo (PSD) levou a uma demora nos pagamentos nos primeiros meses. Também diz que o volume de investimento será ampliado em relação a 2014, pois o Estado tem recursos de empréstimos já concretizados.

São Paulo, que reduziu em 26% o volume investido, diz que precisou aumentar a participação do Tesouro estadual, de 47% para 52% do total, devido à dificuldade de liberação de recursos federais.

A Secretaria da Fazenda do Rio diz que a queda dos investimentos ocorre porque grande parte das obras em andamento já está "adiantada ou sendo finalizada", como a linha 4 do metrô. E afirma que a crise, em decorrência da situação econômica do país, não vai afetar esses projetos.


Endereço da página:

Links no texto: