Folha de S. Paulo


'As pessoas têm medo de falar de imposto', diz presidente do PT

O presidente do PT, Rui Falcão, lamentou a reprovação da emenda ao texto final do 5º Congresso Nacional do partido que defendia a recriação da CPMF e justificou a derrota alegando que "as pessoas têm medo de falar de imposto".

"Toda vez que alguém fala em imposto, todo mundo põe o pé atrás. E acaba desfalcando o fundo público", disse Falcão, destacando que "esse é um debate que precisa ser enfrentado".

A emenda que propunha incluir a volta da CPMF, além do imposto sobre grandes fortunas, imposto sobre herança, imposto sobre lucros e dividendos e a auditoria da dívida pública foi rejeitada por 350 votos a favor e 302 votos contrários.

A reedição da CPMF havia sido incluída no texto base pelo presidente do PT, Rui Falcão, que foi aprovado na quinta-feira (11), mas o debate virou uma queda de braço entre PT e governo.

Falcão disse respeitar a decisão da militância, mas acenou que o tema seguirá na pauta do PT.

"De qualquer maneira, esse debate vai prosseguir, independente de estar aprovado no texto ou não", afirmou.

Foi mantida no texto base a proposta de imposto sobre grandes fortunas, imposto sobre herança e imposto sobre lucros e dividendos como um aceno do governo à esquerda.

POLÍTICA ECONÔMICA

Apesar da derrota sobre a CPMF, o presidente do PT afirmou estar satisfeito com texto base do congresso. E negou que o conteúdo tenha sido tímido frente à crise que o partido enfrenta.

Mesmo com a retirada de pontos polêmicos, Falcão negou que o governo tenha sido vitorioso nas votações internas.

"Quem venceu foi a militância. A presidenta não estava sendo julgada nesse encontro", afirmou.

Falcão ainda classificou como "críticas a aspectos da política econômica" do governo o trecho da versão final do texto aprovado que fala sobre a economia.

O texto final dirá que é preciso "conduzir a orientação geral da política econômica para implementação de estratégias para a retomada do crescimento para a defesa do emprego, do salário e dos demais direitos dos trabalhadores que permita a ampliação das políticas sociais."

"Não é possível manter isso [ampliação das políticas sociais] com taxas de juros de 14%, que é o que se prevê até o fim do ano. Houve, sim, críticas", afirmou.


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