Folha de S. Paulo


Dilma não dirá 'nada que dificulte a vida' do partido, diz Falcão

Diante da insatisfação de dirigentes petistas com a política econômica do governo Dilma Rousseff, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse nesta quinta-feira (11) que a presidente "não dirá nada que dificulte a vida" do partido durante a abertura do 5º congresso da legenda.

Segundo ele, a presença de Dilma no encontro em Salvador "já facilita muito o diálogo" com a legenda.

"Houve especulação de que a presidente estaria descontente ou temia que houvesse manifestação contra o ajuste fiscal e, por isso, não viria. Não só ela vem, como alguns de seus ministros já estão aqui", afirmou Falcão em entrevista a jornalistas horas antes da chegada da presidente.

Além dos 525 delegados que chegaram à capital baiana até o fim da tarde desta quinta –são esperados 800–, estão presentes os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Edinho Silva (Comunicação Social).

O presidente do PT disse ainda que o partido, como pediu Dilma, está refletindo. "Estamos fazendo a lição de casa", afirmou.

A expectativa do petista é a de que, em seu discurso na noite desta quinta, Dilma fale das ações de seu governo para o futuro e relate um pouco das dificuldades que enfrenta com o Congresso Nacional.

Nos últimos dias, a cúpula do PT e o ex-presidente Lula agiram junto a setores do partido para amenizar críticas à condução da política econômica de Dilma que seriam feitas no congresso do partido.

A ação teve efeito. Apesar de uma dissidência do campo majoritário e algumas alas mais à esquerda terem mantido textos ácidos quanto ao governo, a tese eleita como base para as discussões desta sexta-feira (12) foi a "Carta de Salvador", da chapa majoritária Partido que Muda o Brasil.

AJUSTE

Assim como fará em seu discurso na cerimônia de abertura do congresso, Falcão expressou insatisfação com o ajuste fiscal sem fazer críticas diretas e pediu que o governo "tenha coragem" para fazer mudanças, principalmente no sistema tributário.

"Ninguém está a favor [do ajuste]. Falemos agora de investimentos, geração de emprego e desenvolvimento", afirmou.

Petistas defendem que seja taxado "o andar de cima", e que o ônus do ajuste fiscal não fique apenas nas costas do trabalhador.

O partido defende a volta da CPMF (imposto sobre o cheque), a taxação de herança, taxação de grandes fortunas e imposto sobre grandes transações especulativas. Seriam, dizem, "acenos à esquerda" da presidente em contrapartida ao ajuste fiscal do governo.


Endereço da página:

Links no texto: