Folha de S. Paulo


STJ autoriza quebra de sigilo telefônico de Sérgio Cabral e Pezão

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) autorizou a quebra do sigilo telefônico do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), do seu antecessor, Sérgio Cabral (PMDB), e do ex-secretário estadual da Casa Civil Regis Fichtner.

Citados em depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, os três são investigados sob suspeita de terem sido beneficiados pelo esquema de corrupção descoberto na Petrobras.

A decisão foi assinada pelo ministro Luís Felipe Salomão, relator dos inquéritos relacionados à Operação Lava Jato que tramitam no STJ.

A medida, solicitada pela Polícia Federal, tem como objetivo acessar registros telefônicos anteriores à campanha de Cabral ao governo do Rio de 2010 e verificar se houve contato com outros participantes do esquema.

Em depoimento, Paulo Roberto Costa afirmou ter articulado uma doação de R$ 30 milhões para a campanha de Cabral em 2010, quando Pezão concorreu como seu vice. Os recursos, segundo Costa, teriam sido repassados clandestinamente por fornecedores da Petrobras, e não por meio de doações oficiais.

Segundo Paulo Roberto Costa, que confessou seus crimes e passou a colaborar com as investigações do caso para obter uma pena menor, o valor foi acertado em uma reunião com as presenças de Cabral, Pezão e Fichtner.

Em março, o atual governador do Rio enviou sua defesa ao STJ. Ele negou que o encontro mencionado por Costa tenha ocorrido e disse que a acusação não tem sentido.

Pezão argumentou que, em 2010, ele e Cabral travaram um embate público com o governo e a Petrobras por causa da ameaça de mudança na divisão dos royalties do petróleo, que prejudicaria a arrecadação do Estado do Rio.

Paulo Roberto Costa também acusou o governador do Acre, Tião Viana (PT), de ter recebido R$ 300 mil, pagos pelo doleiro Alberto Youssef, durante sua campanha ao Senado, em 2010. Viana, que também é investigado no STJ, nega a acusação, e afirma que todas as doações recebidas foram declaradas em sua prestação de contas à Justiça Eleitoral.

OUTRO LADO

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, disse que a acusação de Paulo Roberto Costa é "falsa". O ex-governador Sérgio Cabral manifestou "repúdio" contra as "mentiras ditas pelo delator". O ex-secretário Regis Fichtner disse que a investigação vai provar que ele nunca falou por telefone com Costa.


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