Folha de S. Paulo


Governador de Minas diz que investigar primeira-dama é um erro

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), chamou de "erro clamoroso" a investigação de uma empresa da primeira-dama na Operação Acrônimo, da Polícia Federal, e disse que apresentará esclarecimentos ao órgão que permitirão excluir Carolina Oliveira do inquérito.

Pimentel convocou a imprensa para uma entrevista no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, na tarde deste sábado (30). Ele disse que o mandado de busca e apreensão no apartamento alugado em Brasília em nome de sua mulher foi expedido com base em uma fundamentação inverídica.

"O mandado de busca e apreensão foi expedido com base numa alegação, numa definição inverídica, absolutamente inverídica. Portanto, a Carolina está sendo vítima de um erro, um equívoco que eu tenho certeza que vai ser corrigido", disse.

Visivelmente abatido, Pimentel afirmou que prestava esclarecimentos à opinião pública não como governador, mas como cidadão, e que, na segunda-feira (1º), irá apresentar à Polícia Federal os documentos necessários para que Carolina seja excluída do inquérito.

"Os esclarecimentos que vamos levar às autoridades competentes, ao juiz, ao Ministério Público e à própria Polícia Federal são mais do que suficientes para permitir a exclusão da Carolina desse inquérito", disse.

Pimentel disse ainda que não acredita que haja "má-fé" por parte da PF na investigação e que confia na Justiça brasileira.

Carolina não participou da coletiva, segundo o governador, por orientação médica, já que está grávida e teria ficado muito abalada com os fatos recentes.

CAROLINA

O advogado de Carolina Oliveira, Pierpaolo Bottini, negou que a Oli Comunicação, que pertence à sua cliente, seja uma empresa de fachada, conforme aponta relatório da PF obtido pelo jornal "O Globo" e pela revista "Veja".

A Oli Comunicação é investigada sob suspeita de ter sido usada por um grupo criminoso que atuaria em campanhas políticas do PT.

Bottini disse que a firma nunca prestou serviços para empresas públicas nem para partidos políticos e que esteve ativa apenas de 2012 a 2014. Ele afirmou que a empresa ocupou o imóvel até julho de 2014 e que, depois, uma das firmas do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, preso nesta sexta-feira (29) pela PF sob suspeita de associação criminosa, funcionou no mesmo endereço.

Bené, como é conhecido, atua no ramo de gráfica, publicidade e organização de eventos e é ligado ao PT e ao governador Fernando Pimentel. Desde 2005, suas empresas receberam ao menos R$ 525 milhões em contratos com o governo federal.

Durante a operação, a PF fez buscas em um apartamento em Brasília usado até o ano passado como residência da mulher de Pimentel.

Um levantamento da Folha apontou entre os principais clientes das empresas de Bené os ministérios da Saúde, com R$ 105 milhões, das Cidades (R$ 56 milhões) e do Desenvolvimento Social (R$ 21 milhões).

Na campanha de Pimentel de 2014, o PT pagou R$ 3,2 milhões por serviços prestados pela gráfica de Bené.


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