Folha de S. Paulo


Defensor de Dilma bate boca com manifestantes em avião e é hostilizado

Assista

Identificado como um simpatizante da presidente Dilma Rousseff, o comerciante Élbio Flores, de 65 anos, foi hostilizado e bateu boca com manifestantes antipetistas dentro de um avião que fez o trajeto Porto Alegre-Brasília na manhã de quarta-feira (27).

O incidente ocorreu por volta das 8h20, no momento do desembarque, depois que simpatizantes de movimentos que defendem o impeachment de Dilma começaram a cantar e gritar palavras de ordem contra a presidente. "Dilma, eu quero mamar! Dá uma teta pro petista roubar!", cantaram, ao ritmo da marcha carnavalesca "Mamãe, eu quero".

Flores afirma que se preparava para deixar a aeronave levando consigo um exemplar da revista "Carta Capital" quando foi ofendido por um passageiro, que o teria chamado de "idiota" por "ler uma revista igualmente idiota". O comerciante diz que então reagiu chamando os manifestantes de "golpistas".

Os manifestantes faziam parte de um grupo chamado La Banda Loka Liberal. Eles foram a Brasília para se reunir com outros grupos no gramado do Congresso e acompanhar a chegada de militantes do MBL (Movimento Brasil Livre), que foram a pé de São Paulo a Brasília para entregar à Câmara dos Deputados um pedido de impeachment de Dilma.

Segundo o relato de Flores, quando perceberam que ele batia boca com outro passageiro, os manifestantes passaram a apoiar seu adversário gritando mais alto no corredor do avião. "Eles agrediram não só a mim, mas aos demais passageiros", disse Flores, na tarde desta quinta (28). "Foram agressivos e covardes."

Apresentando-se como "relativamente informal e descentralizado", o grupo publicou nas redes sociais algumas cenas do episódio, registradas por celulares. Um representante do grupo disse que foi Flores quem provocou o bate-boca xingando os manifestantes depois do início da cantoria. "Continuamos cantando e houve um bate-boca dele com alguns passageiros", afirmou o representante do grupo, que pediu para não ser identificado.

Referindo-se à presidente como "uma companheira", Flores diz ter participado da fundação do PDT ao lado de Dilma nos anos 80. O comerciante afirma que hoje não exerce nenhuma atividade política. Na sua opinião, o momento atual lembra os meses anteriores ao golpe militar de 1964. "Foi um gesto de desrespeito ao resultado democrático das urnas", afirmou.


Endereço da página:

Links no texto: