Folha de S. Paulo


Procuradores são acionados para evitar ida de Janot a CPI

Diante da possibilidade de convocação do procurador-geral da República Rodrigo Janot para dar explicações à CPI da Petrobras, procuradores foram acionados para telefonar para deputados integrantes da comissão com o objetivo de convencê-los a não aprovar a iniciativa.

Três deputados confirmaram à Folha que foram contatados por procuradores, os quais inclusive relataram que a estratégia era falar com todos os integrantes da CPI.

A comissão faz sessão deliberativa nesta quinta-feira (14) e o requerimento para convocação de Janot, de autoria de Paulinho da Força (SD-SP), pode ser votado.

A ofensiva contra Janot foi articulada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como retaliação às investigações contra si na Operação Lava Jato.

Cunha é acusado de se beneficiar do esquema de corrupção e, por isso, foi alvo de diligência determinada por Janot na semana passada.

A possibilidade de convocação preocupa a Procuradoria-Geral da República. A Folha apurou que houve ligações tanto da PGR como do Ministério Público Federal nos Estados de cada deputado.

"A preocupação do Ministério Público é não se estabelecer conflito entre os Poderes", relatou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que não quis citar o nome do procurador que lhe telefonou.

Ele afirma concordar com os argumentos e diz que a CPI deve atuar em parceria com os órgãos de investigação.

Porém, tanto Onyx como os outros dois parlamentares, que pediram anonimato, acreditam que a iniciativa dos procuradores pode ter efeito inverso: soar como pressão e dar combustível à aprovação.

A Folha apurou com procuradores que tem sido dito aos parlamentares que juridicamente não se pode convocar Janot, pois o objeto da CPI é a corrupção na estatal.


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