Folha de S. Paulo


Justificativas para impeachment estão próximas da comprovação, diz Aécio

As denúncias que justificariam o impeachment da presidente Dilma Rousseff estão cada vez mais próximas de serem comprovadas, afirmou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) em entrevista antes de evento em homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em Nova York, nos EUA.

Segundo ele, há indícios muito fortes contra Dilma. "As denúncias que surgem em relação à Lava Jato, inclusive na última semana, mostram que houve dinheiro de propina para a campanha presidencial. E isso é extremamente grave", disse Aécio.

O senador afirmou que o PSDB investiga todas as denúncias contra a presidente, "seja pela utilização de recursos de propina para campanha eleitoral, sejam as chamadas pedaladas fiscais ou a utilização de empresas públicas com fins eleitorais".

Por causa da divisão entre os tucanos, Aécio adiou, na semana passada, para o final de maio a decisão sobre o pedido de investigações contra a presidente. Não há consenso dentro do PSDB, nem em outros partidos da oposição, sobre a apresentação do pedido de impeachment neste momento.

A reunião com presidentes e líderes de partidos da oposição, em que o grupo prometeu tomar uma decisão formal sobre o impeachment, está marcada para o dia 20.

O governador Geraldo Alckmin também compareceu ao evento em Nova York. A jornalistas, disse que o Brasil é maior que a crise. "Ela é passageira, conjuntural, fruto de escolhas erradas", afirmou.

Alckmin elogiou FHC, escolhido a "Pessoa do Ano" pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, a quem chamou de "precursor na construção da responsabilidade fiscal."

"O Fernando Henrique nunca flertou com o populismo, foi importante na questão da responsabilidade fiscal", afirmou. "O tempo está mostrando que o modelo de governar social democrata do PSDB é totalmente diferente do PT."

'SAUDADE'

O evento desta terça (12), que também homenageia o ex-presidente americano Bill Clinton, reuniu políticos e empresários brasileiros.

Chamado a discursar antes dos dois ex-presidentes, o publicitário Ninan Guanaes, do grupo ABC, responsável pelas campanhas de FHC em 1998 e de José Serra em 2002, começou dizendo que usaria uma palavra que só existe em português: saudade.

"Saudade, presidente Fernando Henrique Cardoso", afirmou, sendo aplaudido longamente e de pé pelo auditório lotado de um dos salões do hotel Waldorf Astoria.

Compareceram ainda os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Pedro Taques (PDT-MT), os senadores José Serra e Tasso Jereissati, do PSDB, e deputados federais de vários partidos.

A cônsul do Brasil em Nova York, embaixadora Ana Lucy Gentil Cabral Petersen, também esteve na cerimônia.

Entre os empresários e executivos brasileiros, estavam presentes Luiz Carlos Trabucco, do Bradesco, André Esteves, do BTG Pactual, Luis Furlan, da Brasil Foods, José Luis Cutrale, Rubens Ometto, da Cosan, e Roberto Setubal, do Itaú.

Figuras habitués do prêmio da Câmara de Comércio Brasil-EUA relatam que a presença dos dois ex-presidentes conferiu peso à solenidade, que foi mais prestigiada que em edições anteriores.

Compareceram 1.200 pessoas, maior lotação desde que o prêmio foi instituído.

A jornalista Vera Magalhães viajou a convite do grupo Lide.


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