Folha de S. Paulo


Nova sentença da Lava Jato condena Youssef por lavagem de dinheiro

Uma nova sentença da Operação Lava Jato condenou, nesta quarta-feira (6), o doleiro Alberto Youssef e outras três pessoas por lavagem de dinheiro, numa operação realizada em 2008.

Esta é a quarta sentença das ações penais decorrentes da operação, que investiga desde o ano passado desvios de dinheiro em obras da Petrobras.

Neste caso, o crime investigado ocorreu na origem do esquema, em Londrina (norte do Paraná), numa operação capitaneada pelo ex-deputado José Janene (PP), morto em 2010.

Segundo a denúncia, a indústria Dunel, sediada em Londrina, teria sido usada por Janene para lavar "recursos criminosos", oriundos do pagamento de propinas, com a ajuda de Youssef e do operador de câmbio Carlos Habib Chater, que trabalhava num posto de combustível em Brasília.

É este posto que inspirou o nome da Operação Lava Jato.

No total, R$ 1,16 milhão foram investidos na Dunel por Janene. Metade veio de uma empresa controlada por Youssef, e a outra metade foi transferida de contas controladas por Chater, amigo do doleiro e também condenado na ação.

Um dos proprietários da Dunel, Hermes Magnus, suspeitou da origem dos recursos e passou a enviar e-mails anônimos à Polícia Federal. Ele foi, assim, o primeiro colaborador da Lava Jato. Magnus vive hoje em Portugal.

Durante o processo, tanto Youssef quanto Ediel Viana da Silva, que trabalhava com Chater, admitiram a natureza criminosa dos recursos investidos na Dunel. "Era comissionamento de empreiteiras, esse tipo de empresa [decorrente de contratos com a administração pública]", disse o doleiro.

"Há indícios robustos quanto à origem e natureza criminosa dos valores envolvidos", escreveu o juiz Sergio Moro, na decisão que condenou os réus. "Os valores investidos por José Janene no empreendimento industrial em Londrina tinham origem em crimes antecedentes praticados contra a administração pública federal, especialmente de corrupção e de peculato, e posteriormente no esquema criminoso da Petrobras."

O magistrado ainda determinou que os proprietários da Dunel sejam indenizados em R$ 1 milhão, acrescidos de juros e correção.

PENAS

Youssef foi condenado a cinco anos por lavagem de dinheiro, além de ter de pagar multa de cinco salários mínimos. Principal delator das investigações sobre o desvio de recursos da Petrobras, Youssef já soma 14 anos em penas. Até agora, ele foi condenado em duas ocasiões por lavagem de dinheiro, e absolvido de outra acusação, pelo mesmo crime.

Por causa do acordo de delação, porém, todas as penas de Youssef nas ações da Lava Jato, somadas, não podem ultrapassar 30 anos.

Passados os três anos em regime fechado, ele migra automaticamente para o aberto.

O tempo em que o doleiro passa na carceragem da PF em Curitiba, onde está detido desde março de 2014, também conta como cumprimento de pena. Portanto, em 2017, Youssef deve sair da prisão.

O operador Chater também foi condenado, pelo mesmo crime, a quatro anos e nove meses de reclusão. Único réu que não admitiu participação nos crimes, Chater afirmou em sua defesa que fez a transação para pagar uma dívida que tinha com Youssef e que não sabia que o beneficiário dos recursos transferidos era o deputado Janene.

Viana da Silva, que trabalhava para Chater, foi condenado por lavagem de dinheiro e uso de documento falso, sendo apenado em três anos de reclusão. A pena, porém, foi substituída por prestação de serviços à comunidade e multa.

O advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, autor do contrato que ocultou o envolvimento de Janene no esquema, foi condenado a quatro anos de reclusão, mas também teve a pena substituída por prestação de serviços à comunidade e multa. Ele admitiu que os recursos aplicados na Dunel eram oriundos do "caixa 2 de Janene".


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