Folha de S. Paulo


Em novo ato, 10 mil vão às ruas de Curitiba contra o governo Richa

Ao menos 10 mil pessoas –entre servidores, professores e militantes de várias entidades– protestaram na manhã desta terça-feira (5) nas ruas de Curitiba contra o governo Beto Richa (PSDB).

A manifestação é mais um ato em apoio aos professores feridos durante ação policial na última quarta-feira (29). Foram ao menos 160 manifestantes feridos –além de 20 PMs.

A estimativa dos 10 mil no protesto de hoje é da PM. O APP Sindicato (representante dos docentes no PR) fala que foram 20 mil os manifestantes. Não houve registro de confusão nem de feridos.

Diferentemente do protesto de quarta, a polícia apenas monitorou o trânsito local. No dia 29, a PM mobilizou 1.600 policiais, que usaram bombas de gás, balas de borracha e jatos de água.

O ato tomou conta da praça 19 de Dezembro e chegou a fechar o trânsito da avenida Cândido de Abreu e da rua Barão do Serro Azul, região do Centro Cívico, a mesma onde houve o confronto semana passada.

Gritos de "fora, Beto Richa" (PSDB) foram entoados de tempos em tempos puxados pelos carros de som. Pedidos pela saída do secretário de segurança, Fernando Francischini, também foram feitos.

A professora de biologia Vera Marcia Mortean protestou em frente ao palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná, de forma diferente: colocou pendurados num guarda-chuva restos de bombas de efeito moral da PM –usadas na quarta (29)– e bombas de chocolate.

Segundo ela, ao contrário da polícia de Beto Richa (PSDB), as bombas dela são "de carinho, amor e diálogo".

'MENOS BALAS, MAIS GIZ'

Os manifestantes, que caminharam em passeata rumo ao Palácio Iguaçu, também portavam cartazes mostrando os deputados que aprovaram projeto de Richa de mudança na previdência estadual, acrescidos de "inimigo da educação".

Adesivos com a inscrição "Menos balas, mais giz" –em alusão à ação da PM paranaense contra professores na quarta– também foramdistribuídos. Apesar de o ato atrapalhar o trânsito local, muitos motoristas fizeram um buzinaço em apoio aos professores.

O ato começou às 9h, com uma banda de rock que animava o público num carro de som. Uma das músicas, teve o refrão dizendo "impeachment, impeachment".

Sobre os protestos da semana passada e o confronto com a PM, a secretária de finanças do APP Sindicato, Marlei Fernandes disse: "Esse luto encerra hoje, mas continuamos na luta".

HISTÓRICO

O protesto da semana passada que resultou em ao menos 180 feridos ocorreu em meio à aprovação do projeto de Richa que muda a previdência estadual.

Com a proposta, o governo vai transferir 33 mil aposentados do fundo financeiro –deficitário e mantido só pelo Estado– para o fundo previdenciário, bancado também pelos servidores e superavitário.

O funcionalismo é contra o projeto a alega que a migração vai prejudicar todo o sistema previdenciário dos servidores. Em segundo mandato, Richa enfrenta grave crise financeira.

O Ministério Público de Contas do Paraná prepara um parecer que considera inconstitucional projeto do tucano.

A ação da PM foi criticada pelos servidores, oposição e até por aliados de Richa. Nesta segunda, o secretário de Segurança do Paraná, Fernando Francischini, se posicionou pela primeira vez sobre o episódio e disse que "nada justifica" o que houve.


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