Folha de S. Paulo


Demora em acordos com empresas preocupa governo

Os acordos de leniência de empresas investigadas pela Operação Lava Jato só devem começar a sair, em um cenário otimista, a partir de setembro. A demora preocupa a equipe econômica da presidente Dilma, que teme os efeitos no ritmo da economia.

Das 29 empresas sob investigação, só quatro se mostraram dispostas a colaborar, mas até agora nenhum acordo foi negociado porque isso depende de uma autorização do TCU (Tribunal de Contas da União) à CGU (Controladoria-Geral da União).

As quatro empresas são: Setal Óleo e Gás, OAS, Engevix e Galvão Engenharia. A holandesa SBM Offshore também tem conversado com a CGU, mas em um processo diferente, por suspeita de pagar propina para fazer negócios com a Petrobras.

O acordo de leniência evita que, ao final dos processos abertos pela CGU, havendo prova contra as empresas, elas sejam impedidas de fechar novos contratos com o poder público.

No acordo, as companhias precisam reconhecer a culpa –no caso, o pagamento de propina– e indenizar a Petrobras pelos danos causados.

Dentro do governo, o temor é que a demora em fechar os acordos possa levar à quebra de empresas no setor, afetando o já fraco ritmo da economia brasileira e dificultando o programa de concessões –Dilma prepara um pacote de privatização de serviços.

O desfecho da crise enfrentada pelas empreiteiras divide o governo. Uma ala aposta nos acordos para salvá-las, mas outro grupo avalia que não há o que fazer, e que a solução é atrair empresas de pequeno e médio porte e estrangeiras para participar do programa de concessão.

A Folha apurou que, das quatro empreiteiras que negociam o acordo de leniência, três já assinaram memorando de entendimento com a CGU e apresentaram o documento a seus credores no mercado financeiro para obter novos empréstimos e, assim, garantir suas operações.

Os bancos, no entanto, ainda querem saber o valor que será envolvido nos acordos e quando e como esses montantes serão liquidados.


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