Folha de S. Paulo


De preto, professores do Paraná protestam por 'menos bala e mais giz'

Em novo protesto contra a violência do Estado, que na última quarta-feira (29) deixou ao menos 180 feridos num confronto entre PMs e manifestantes em Curitiba, professores e servidores vestiram-se de preto e saíram em passeata pela capital do Paraná na manhã desta sexta-feira (1º).

Em faixas e adesivos, os servidores pediam "menos bala, mais giz" e diziam estar em "luto pela educação". O protesto começou às 11h e seguiu em direção à sede do governo de Beto Richa (PSDB), que fica em frente à Assembleia Legislativa.

Cerca de 10 mil pessoas participaram do ato, segundo o APP Sindicato (que representa os professores). A PM estimou a presença de 3.000 pessoas. A manifestação foi pacífica. Representantes de partidos políticos de oposição a Richa, como o PT, PSOL e PSTU, também participaram da passeata.

Os professores avançaram aos gritos de "Fora, Beto Richa", sob as buzinas de apoio dos motoristas que passavam ao redor. Cartazes comparavam Richa ao ditador alemão Adolf Hitler.

Moradores também acenaram com faixas pretas das janelas. Na linha de frente da passeata, professores carregavam um caixão preto, onde se lia "aqui jaz a educação".

Alguns manifestantes pintaram lágrimas vermelhas no rosto e usaram véus pretos em sinal de luto. Um espelho d'água em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, foi colorido de vermelho.

O episódio da última quarta, em que manifestantes tentavam impedir a votação de um projeto que alteraria a previdência dos servidores estaduais e entraram em confronto com a PM, tem sido chamado de "massacre de 29 de abril" pelos professores.

O Ministério Público investiga se houve excessos na ação policial.

CANCELAS LIBERADAS

Integrantes de movimentos sociais ligados a questões agrárias, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), liberaram cancelas de pedágio em rodovias federais de pelo menos 13 cidades do interior do Paraná durante a manhã desta sexta-feira.

Segundo o MST, o ato cobra agilidade na reforma agrária e investimentos na produção, além de declarar apoio aos professores paranaenses. O movimento disse em nota que 17 praças de pedágio foram liberadas.

A Polícia Rodoviária Federal no Paraná informou que o movimento começou por volta das 7h30 em Candói, na BR-373, com cerca de 200 pessoas. Também houve liberação de cancelas em Céu Azul, Imbaú, Lapa, Ortigueira, Cascavel, Arapongas, Jacarezinho, Mamborê, Mandaguari, Jataizinho, São Miguel do Iguaçu e Castelo Branco.

Em todas as localidades, há presença de manifestantes, mas apenas na BR-369, divisa entre Jacarezinho (PR) e Ourinhos (SP), houve interdição parcial da rodovia. O protesto foi realizado pelo MST e pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo).


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