Folha de S. Paulo


Participação em esquema era como 'areia movediça', diz Paulo Roberto

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa comparou, nesta terça-feira (28), sua participação no esquema de desvios de recursos da estatal a "entrar na areia movediça".

"Você vai entrando e, depois, é quase que impossível sair", declarou ele, em depoimento à Justiça Federal.

Costa, que fez acordo de colaboração com a Justiça e cumpre prisão domiciliar, afirmou que "se arrepende amargamente" de ter participado do esquema de corrupção na empresa, investigado na Operação Lava Jato. "O preço que eu estou pagando e minha família está pagando é muito alto", disse.

O ex-diretor foi interrogado como réu de cinco ações penais por desvios e lavagem de dinheiro em obras da Petrobras. Ele responde a outros três processos e já foi condenado em um deles, na semana passada.

Costa procurou por diversas vezes, durante as quatro horas em que foi ouvido, atribuir a responsabilidade dos desvios também à diretoria da Petrobras, que permitia que as obras fossem levadas à licitação sem um projeto definido.

"Isso não foi definição de Paulo Roberto ou de Renato Duque [ex-diretor de Serviços, também investigado na Lava Jato], mas da diretoria da Petrobras, que aprovava tudo isso. Foi a diretoria que definiu que os projetos fossem para a rua com um grau de maturidade não suficientemente detalhado", afirmou.

O ex-diretor também rechaçou o argumento de que as empreiteiras sofressem achaques para pagar as propinas aos diretores e políticos. "Elas tinham interesse em atender os políticos, porque tinham interesses também em outras obras, de outras áreas", afirmou.

Para o delator, o esquema investigado na Lava Jato se estende a várias outras empresas e ministérios do governo. "Se a gente for olhar rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, esse processo ocorreu em todas as áreas. Basta um aprofundamento da Justiça, que vai chegar a essa conclusão", declarou.


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