Folha de S. Paulo


Ex-deputado defende arrendamento de sua emissora e nega prática ilegal

Ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Carlos Apolinário admite ter arrendado sua rádio para a Comunidade Cristã Paz e Vida. Ele defende-se dizendo que mais de 2.000 emissoras do país –segundo sua estimativa– são controladas por igrejas, seguradoras e bancos que pagam aluguel para os concessionários.

Em uma decisão inédita, a Justiça Federal mandou interromper as transmissões da Rádio Vida por alugar a sua programação para uma igreja evangélica.

A juíza federal Flávia Serizawa e Silva também determinou o bloqueio dos bens do ex-deputado e do pastor Juanribe Pagliarin, líder da Comunidade Cristã Paz e Vida, que arrendava a rádio. Cabe recurso.

Jorge Araújo/Folhapress
Casa que abriga rádio em São José dos Campos, antena em Mogi e casa que sedia o estúdio, em SP
Casa que abriga rádio em São José dos Campos, antena em Mogi e casa que sedia o estúdio, em SP

"O procurador entendeu que uma concessão não poderia ser arrendada, algo completamente sem fundamento jurídico", disse Apolinário.

"Se a tese dele fosse verdadeira, não poderia ter a rádio Bradesco, que é um banco, não uma rádio. Qual crime eu cometi, se eu paguei todos os impostos? É crime ganhar dinheiro?", questionou Apolinário, frisando que não tem contratos com poder público.

"Ou a lei vale para todas as 2.000 rádios e televisões que arrendam horário ou não vale. Agora, o único que sofreu essa sanção foi o Carlos Apolinário", prosseguiu.

O ex-deputado também contesta a alegação de que tenha mudado ilegalmente o local de outorga, em São José dos Campos, para São Paulo. Ele afirma que há pelo menos dezesseis rádios do interior paulista que hoje estão instaladas na capital.

Segundo ele, a antena na serra do Itapeti, em Mogi das Cruzes, que permite à rádio alcançar a capital e a região metropolitana, é legal.

"Eu consegui uma autorização da Justiça para a antena em Mogi, eu não estava lá de bobo alegre, não", disse.

O ex-deputado se disse castigado injustamente pelo bloqueio dos seus bens: "Essa ação cível me deixou sem um tostão no bolso. Estou arrumando dinheiro emprestado para pagar dívida e funcionário. Você não sabe o sufoco que estou passando".

A Folha não conseguiu encontrar o pastor evangélico Juanribe Pagliarin, da Comunidade Cristã Paz e Vida, para comentar o caso.


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