Folha de S. Paulo


CGU afirma que delator britânico só compôs apuração

A CGU (Controladoria-Geral da União) afirmou que as informações procedentes da Holanda serviriam para "compor a investigação" da sindicância aberta em abril pelo órgão. "Não era, de forma nenhuma, um conteúdo essencial e determinante para a atuação deste órgão de controle", disse o órgão.

"Em primeiro lugar, é necessário esclarecer que as investigações da CGU relativas a contratos firmados pela Petrobras com a empresa SBM Offshore seguiram duas linhas centrais para o colhimento de informações: fontes nacionais e fontes estrangeiras, uma vez que a empresa investigada tem sede na Holanda", ressaltou.

A CGU informou que, desde fevereiro o ano passado, fez todos os pedidos oficiais necessários, via Ministério da Justiça, às autoridades holandesas em busca de uma colaboração para ter acesso a informações apuradas no país.

"A CGU não obteve êxito na cooperação com Ministério Público holandês e, até hoje, não recebeu nenhum documento oficial do órgão estrangeiro", informou.

A Controladoria repetiu que não usou o material do ex-diretor Jonathan Taylor porque, segundo o órgão, "havia indícios de que o material poderia ter sido obtido por meios ilícitos".

"Vale destacar que, durante todo o mês de outubro, na ocasião da viagem para colhimento do depoimento do ex-funcionário Taylor, a CGU estava em plena análise dos dados da investigação em curso", destacou.

Em sua defesa, a Controladoria tem dito que Taylor questionou a possibilidade de receber uma recompensa financeira em troca de ajudar a investigação no Brasil.

A gravação mostra que, antes de questionar se havia um programa deste tipo, como ocorre nos EUA, ele avisou que continuaria, independentemente da resposta, colaborando "inteiramente" com as autoridades brasileiras.

INVESTIGAÇÃO

A CGU abriu uma investigação sobre os negócios da SBM em abril. Taylor ofereceu seu dossiê ao governo em agosto e recebeu os funcionários brasileiros no Reino Unido no dia 3 de outubro.

"A CGU não esperou, em nenhum momento, pelas informações estrangeiras para começar a agir", disse o órgão.

Em entrevista à Folha, o executivo britânico acusou o governo brasileiro de esperar a reeleição de Dilma para abrir processo contra a SBM, evitando danos políticos que novas revelações sobre corrupção na Petrobras poderiam causar a Dilma. A CGU negou que tivesse agido por motivação política.

"É necessário ressaltar que a sindicância para apurar os contratos entre a Petrobras e a SBM foi aberta, pela CGU, em 2 de abril de 2014. Os trabalhos de investigação da CGU incluíram entrevistas; depoimentos; exame de documentos, e-mails, CDs e arquivos digitais de computador; análise de dados patrimoniais e de renda dos empregados e ex-diretores, além de apurações relativas a registro de viagens e de emissão de passaportes", disse o órgão do governo.


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