Folha de S. Paulo


Governador do RS faz 'caravana da Pindaíba' para justificar crise

Munidos de apresentação em slides, gráficos e panfletos, o governador gaúcho José Ivo Sartori (PMDB) e secretários estão percorrendo o Rio Grande do Sul para justificar as dificuldades financeiras em seu início de mandato.

Chamado de "Caravana da Transparência", o projeto promove audiências abertas à população no interior. Nelas, Sartori fala sobre a crise de caixa, prega paciência e afirma que não vai "vender ilusões".

Com a maior dívida proporcional dos Estados do país, o peemedebista vem cortando gastos e até reduzindo serviços públicos, como as horas extras de policiais militares. O atraso de salários do funcionalismo é uma possibilidade permanente.

Na última quarta (15), Sartori promoveu um dos encontros em Lajeado (a 112 km da capital) em um pequeno auditório e afirmou que a situação vai "demorar muito tempo para se resolver". "Não adianta dizer que pode fazer se não tem condições ou equilíbrio financeiro", disse.

BALA DE PRATA

O secretário da Fazenda, Giovani Feltes –um ex-prefeito peemedebista tido como bom de discurso–, ficou com a função de destrinchar os números das finanças. Falando em linguagem espontânea, com gírias, reclamou de governadores anteriores, do governo federal e dos gastos de outros poderes.

"Alguém gostaria de não fazer asfalto, de não inaugurar uma obra, de não melhorar a vida do povo? Mas tá louco, nós queremos é voto, rapaz. Queremos aplauso, reconhecimento", ironizou Feltes, na palestra. "Ninguém vai espezinhar porque é ruim, de qualquer partido que seja. Mas, muitas vezes, não tem condições materiais."

A inviabilidade de novos empréstimos, o caso dos precatórios, o pagamento do piso dos professores e a mudança do indexador da dívida com a União são alguns dos pontos abordados na explanação.

Feltes diz que "não há bala de prata" para resolver o quadro das finanças. O governo peemedebista reclama que a gestão anterior, do petista Tarso Genro, subestimou as despesas e projetou receitas a mais no orçamento de 2015, deixando um deficit de mais de R$ 5,4 bilhões para este ano.

A oposição critica o governador pelo discurso "pessimista" e pela falta de propostas –ele apresentou seus primeiros projetos na Assembleia apenas na semana passada.

Houve protestos de sindicalistas e estudantes em parte dos nove encontros da caravana realizados. O vice-governador José Paulo Cairoli (PSD) representou Sartori em dois dos eventos.

Depois que deixou o governo, Tarso vem afirmando que a situação das contas melhorou em seu mandato. Disse que o discurso de "ingovernabilidade financeira" serve para justificar medidas de austeridade prejudiciais à população.


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