Folha de S. Paulo


Oposição decide agir de forma conjunta sobre impeachment de Dilma

Cinco partidos de oposição decidiram nesta quarta (15) agir de forma conjunta em relação a um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Apesar de algumas siglas defenderam as investigações contra a presidente de forma imediata, os oposicionistas vão unir forças para tomar uma decisão conjunta sobre o impeachment e, como consequência, evitar o enfraquecimento do pedido –se optarem por esse caminho.

PSDB, DEM, PPS, PV e SD vão aguardar um estudo jurídico encomendado pelos tucanos a juristas como Miguel Reale Júnior para decidir se vão ingressar com o pedido de impeachment na Câmara. O estudo deve ficar pronto na próxima terça-feira (21).

Nos bastidores, os oposicionistas afirmam que o estudo deve apontar motivos concretos para a abertura de investigação contra Dilma, o que deve forçar os partidos a apresentarem formalmente o pedido à Câmara –uma das principais reivindicações das manifestações populares contra o governo realizadas em março e no último domingo (12).

"Acho que vai ser inevitável. Nós vamos levantar motivos concretos que mostram o envolvimento da presidente", disse o presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP).

"Não há ainda essa definição, mas qualquer que seja ela, será tomada em conjunto pelos partidos de oposição", completou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

O tucano disse que os partidos têm responsabilidade de avançar na questão do impeachment quando tiverem "avaliações jurídicas isentas" de que Dilma cometeu crime de responsabilidade –o que abre caminho para o pedido de investigação.

"O agravamento da crise está claro. A prisão hoje do tesoureiro do PT, que até poucos dias era recebido com aplausos, com ovações pelos seus correligionários, é algo extremamente grave", afirmou.

SAIA JUSTA

Os presidentes dos partidos de oposição se reuniram nesta quarta com os representantes do movimento "Vem Pra Rua", que organizou protestos contra o governo federal. Os manifestantes deixaram os congressistas numa "saia justa" ao criticarem a postura da oposição no Congresso e cobrarem uma posição concreta das siglas sobre um eventual impeachment de Dilma.

O grupo entregou para os oposicionistas a "Carta do Povo Brasileiro", que reúne as principais reivindicações dos movimentos das ruas contrários ao governo.

"Faz sete meses que as ruas se organizam e vêm protestar. Isso é sem precedentes no Brasil. Até a rua pode se organizar, por que a oposição não pode se organizar? Só o Congresso pode fazer [as mudanças]. Chegamos no nosso limite do nosso protesto e organização de civismo. Levar 3 milhões de pessoas sem ter uma vitrine quebrada, é uma demonstração impossível do que acontece nas ruas. Esperamos a demonstração do impossível do que pode ser feito nas duas Casas", disse Rogério Chequer, do Vem Pra Rua.

Aécio tentou argumentar dizendo que a pauta dos manifestantes já é adotada pela oposição há "vários anos", mas foi obrigado a se posicionar de forma objetiva se apoiaria as reivindicações. "É sim ou não, senador?", questionaram os manifestantes.

"Essa já é uma pauta que defendemos há muito tempo, o fato novo é que a sociedade está dando eco ao que já defendíamos", disse Aécio.

"Mas é sim ou não?", insistiu o representante do movimento Instituto Democracia, Paulo Angelim.

Em sua última fala aos manifestantes, Aécio disse que dava um "sonoro sim" à pauta de reivindicações. O mais aplaudido foi o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que defendeu de forma explícita o impeachment de Dilma.

"Tivemos a coragem de enfrentar o PT e dizer que impeachment, sim, é previsto pela Constituição brasileira. Vocês não vão se decepcionar conosco", disse o democrata.

O presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), pediu que os manifestantes se unam aos congressistas em busca de mudanças. "Que a gente possa se somar em argumentos e oposições. A oposição está unida no melhor sentido, que é o de vocês."


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