Folha de S. Paulo


Contra terceirização, CUT promete greve geral e ameaça empresas

Contra o projeto que regulamenta a terceirização no país, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) pretende realizar uma greve geral no país a partir da semana que vem caso o texto seja votado. A Câmara dos Deputados deve votar nesta terça-feira (7) o texto, que amplia a possibilidade para empresas contratarem mão de obra terceirizada.

"Vamos fazer atividades de rua e paralisação para impedir [a votação]. Vamos transformar essas empresas [que apoiarem a terceirização] num inferno", disse o presidente nacional da central, Wagner Freitas, durante protesto realizado nesta terça em Brasília.

Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), defende que a terceirização irá ampliar o número de empregos no país.

"Em nível Brasil, a regulamentação da terceirização poderá gerar 3 milhões de novos empregos. Sem quebra à CLT, mais empregos formais!", escreveu, no Twitter.

A terceirização ainda é defendida por outras entidades patronais, como a CNC (Confederação Nacional do Comércio) e a CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Segundo Freitas, caso o projeto seja aprovado, a CUT deverá convocar para uma greve geral a partir da quinta-feira da semana que vem (16).

"Vamos divulgar o nome dos deputados [que votarem a favor do texto] para pressionar."

O presidente da CUT, disse que o projeto da terceirização não é para regulamentar a situação dos 12 milhões de trabalhadores que estão nessa situação, mas para tornar terceirizados os outros 40 milhões de trabalhadores.

A central faz um ato em frente ao Congresso contra a medida. Os manifestantes entraram em confronto com a polícia após tentarem invadir a Câmara. Na confusão, três manifestantes, dois deputados –Edinho Silva (PT-SP), atingido por spray de pimenta, e Lincoln Portela (PR-MG), que levou um soco na boca e pontapés–, dois policiais e um visitante ficaram feridos.

Por conta da tentativa de invasão da Câmara, quatro manifestantes foram conduzidos para o Departamento de Polícia Legislativa, onde prestam depoimento. Eles não foram identificados.

Veja vídeo

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusou os manifestantes de serem os responsáveis pelo confronto e disse ter fotos e vídeos de congressistas incitando a multidão contra a polícia.

"Parlamentares que incitaram a multidão a invadir ou agredir foram devidamente fotografados, filmados, e serão remetidos à Corregedoria. E haverá sanções. (...) Que vai ter sanção de suspensão, vai", afirmou Cunha.

"Cada vez que há uma pressão dessa, exercida de forma indevida, o Congresso tem que responder votando, temos que ter o direito de exercer a representação. Protestos são legítimos, agora quando parte para a agressão, para o baixo nível, para a depredação, como ocorreu aqui hoje, o Congresso tem que reagir votando. Quanto mais agridem, mais dá vontade de votar", disse Cunha.

SÃO PAULO

Em São Paulo, o protesto para a manhã desta terça reuniu bem menos manifestantes do que o previsto pela organização, e acabou virando um ato em defesa da saúde. No dia 7 de abril é comemorado o Dia Mundial da Saúde. O sindicato do setor havia convocado um ato para a data, ao qual a CUT aderiu.

Os organizadores previam que 10 mil pessoas fossem à manifestação na capital paulista, que começou em frente ao Hospital das Clínicas e terminou na praça da República, região central da cidade. No fim do ato, no entanto, a CUT dizia que eram mil pessoas participando, enquanto a Polícia Militar estimava 400 manifestantes.

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No protesto de 13 de março, segundo o Datafolha, 41 mil participaram de ato na capital paulista com centrais sindicais e movimentos sociais em defesa da Petrobras e da presidente Dilma Rousseff.

Poucas lideranças, porém, estiveram presentes nesta terça. Representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que também convocaram para o protesto, não compareceram.

Com reportagem de SÃO PAULO


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