Folha de S. Paulo


Manifestantes entram em confronto com polícia em Brasília

Manifestantes contrários ao projeto que trata da regulamentação da terceirização no país entraram em confronto com a Polícia Legislativa em Brasília na tarde desta terça-feira (7).

O tumulto começou quando a polícia tentou impedir que o carro de som descesse até a Chapelaria do Congresso. Alguns manifestantes jogaram pedaços de paus e bandeiras contra os policiais, que reagiram com spray de pimenta para dispersá-los. Um grupo com cerca de 15 pessoas chegou a invadir um dos anexos da Câmara dos Deputados.

A polícia usou uma bomba de efeito moral para impedir que outros invadissem o local. Ao mesmo tempo, líderes do movimento pediam que os manifestantes não atacassem a polícia e que mantivessem a calma.

De acordo com a CUT, cerca de 4.000 pessoas participam do ato.

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Na confusão, o deputado Lincoln Portela (PR-MG) acabou agredido por manifestantes com um soco na boca e pontapés. Edinho Silva (PT-SP) foi atingido por spray de pimenta.

Um balanço preliminar divulgado pela Câmara informou nesta terça-feira (7) que o confronto acabou com três manifestantes, dois deputados, dois policiais e um visitante feridos. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), culpou manifestantes pela briga e disse que vai punir deputados que possam ter incitado os ataques.

Portela chegou a bater boca com sindicalistas que conseguiram entrar na Câmara. Ele reclamou do tratamento dos manifestantes, que acusavam a Polícia Legislativa de truculência.

A votação do projeto que amplia a terceirização no mercado de trabalho, prevista para esta terça, acabou adiada para a quarta (8).

GREVE

O presidente nacional da CUT, Wagner Freitas, afirmou que o projeto da terceirização não é para regulamentar a situação dos 12 milhões de trabalhadores que estão nessa situação, mas para tornar terceirizados os outros 40 milhões de trabalhadores.

Ele disse que a central está iniciando uma mobilização que pode resultar na decretação de greve geral contra o projeto.

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SÃO PAULO

Em São Paulo, o protesto da manhã desta terça reuniu bem menos manifestantes do que o previsto pela organização, e acabou virando um ato em defesa da saúde. No dia 7 de abril é comemorado o Dia Mundial da Saúde. O sindicato do setor havia convocado um ato para a data, ao qual a CUT aderiu.

Os organizadores previam que 10 mil pessoas fossem à manifestação na capital paulista, que começou em frente ao Hospital das Clínicas e terminou na praça da República, região central da cidade. No fim do ato, no entanto, a CUT dizia que eram mil pessoas participando, enquanto a Polícia Militar estimava 400 manifestantes.

No protesto de 13 de março, segundo o Datafolha, 41 mil participaram de ato na capital paulista com centrais sindicais e movimentos sociais em defesa da Petrobras e da presidente Dilma Rousseff.

Poucas lideranças, porém, estiveram presentes nesta terça. Representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que também convocaram para o protesto, não compareceram.

O presidente da CUT em São Paulo, Adi dos Santos, justificou a pouca adesão ao protesto. Segundo ele, o ato foi menor do que o esperado porque a direção nacional da central sindical decidiu enviar manifestantes para Brasília. Adi afirma que, caso a proposta seja aprovada em primeira votação, as centrais e os movimentos sociais vão intensificar os protestos.

"A CUT não vai defender esse projeto de jeito nenhum", disse.


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