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Após fala polêmica, Levy afirma ter 'satisfação' em integrar governo Dilma

Sergio Lima/Folhapress
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy (à esq.), na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy (à esq.), na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado

Após afirmar a universitários que a presidente Dilma Rousseff nem sempre age da maneira mais "fácil e efetiva", o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou ter "satisfação" em participar do governo da petista.

Em audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado nesta terça-feira (31), ele afirmou que sua impressão de que a presidente quer "endireitar as coisas" é "compartilhada por muitos" e representa a vontade do servidor público brasileiro.

"Que a presidente quer endireitar as coisas, isso é natural de qualquer mandatário. Tenho certeza que alguns que foram governadores quiseram endireitar muitas coisas. É óbvio que lidamos com pressões e nem tudo se conclui como os tecnocratas indicariam que seria a solução perfeita. É da natureza dos processos democráticos", afirmou.

Na semana passada, a uma plateia de ex-alunos da Universidade de Chicago, Levy disse que, embora tenha desejo genuíno de acertar, Dilma nem sempre age da maneira mais fácil e efetiva. O ministro nega que tenha feito críticas à petista.

Levy levantou o tema durante a audiência no Senado depois de ser questionado pelo senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que acusou o ministro de ser conhecedor da "desonestidade" do governo do PT. O tucano também questionou se ele temia macular sua biografia ao integrar um "governo desastroso".

O ministro evitou responder ao senador inicialmente, mas depois da insistência de Oliveira, disse que tem "satisfação" de estar no governo Dilma Rousseff devido à "capacidade de construção de soluções democráticas" da gestão da petista.

"Se tivermos sucesso em avançar em pautas assim [como o indexador das dívidas], com o coração muito humilde, eu diria que terá sido uma oferta inesperada para a minha biografia. Isso não se faz sozinho", afirmou.

Levy disse que a "possibilidade de estar em um governo democrático, de diálogo" é um "privilégio para qualquer pessoa". "É dessa forma que se insere minha participação na vida pública, da forma como sempre procurei me conduzir."

O ministro afirmou que, se os seus colegas da pasta lhe acusarem de tentar "endireitar as coisas", terá orgulho da afirmação. "Esse é o trabalho de todo servidor público. Espero que eles também estejam querendo endireitar", disse.

UNIVERSITÁRIOS

Levy classificou a conversa com os universitários de "informal" e disse que, no diálogo com os estudantes, fez defesa da liberdade de imprensa e de "muitas coisas que devem ser melhoradas" no país.

Dilma saiu em defesa do ministro nesta segunda (30) ao afirmar ter "clareza" de que ele foi "mal interpretado" nas críticas feitas a ela durante evento fechado na semana passada em São Paulo.

A presidente chegou a agradecer o que classificou de elogio do ministro ao esforço do governo em fazer o ajuste fiscal. "Se você pegar fora do contexto, você vai distorcer [o que ele disse]", disse Dilma. "Não tem por que criar maiores complicações", afirmou, após entregar unidades do Minha Casa, Minha Vida em Capanema (152 km de Belém).

No governo, a avaliação é que Levy tem criado situações embaraçosas para ele mesmo e recebeu o conselho de ser mais "cuidadoso" e "policiar suas falas".


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