Folha de S. Paulo


Após acordo, delator da Camargo Corrêa deixa a carceragem da PF

O vice-presidente da empreiteira Camargo Corrêa, Eduardo Leite, deixou nesta terça-feira (24) a sede da PF em Curitiba após negociar um acordo de delação premiada na investigação da Operação Lava Jato.

Leite estava preso desde novembro no Paraná. Ele já é réu em um dos processos relacionados ao escândalo da Petrobras e agora vai para prisão domiciliar.

Pelo acordo de delação premiada, o acusado se compromete a relatar crimes e irregularidades e a pagar multa para obter pena menor. Os termos do acordo são sigilosos. Outros suspeitos de envolvimento em irregularidades na estatal, como o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, já tinham firmado acordo.

O advogado de Leite, Marlus de Oliveira, diz que o executivo está "abalado" e vai permanecer em casa, em São Paulo, com uma tornozeleira eletrônica por um ano. O executivo ficará afastado de suas funções na companhia.

Em depoimentos já feitos, Leite fez acusações contra outros supostos participantes dos desvios. Disse, por exemplo, que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o procurou pedindo R$ 10 milhões de suborno por meio de doação eleitoral.

Segundo o advogado, Leite tinha a intenção de colaborar "desde o princípio do caso". "Mas não se sabia como, nem os termos. Foi um processo longo".

Oliveira afirma que os depoimentos tomados, que seguem sob sigilo, não envolvem políticos com mandato.

Existe a expectativa de que novas delações abordem problemas em obras além da Petrobras, como a hidrelétrica de Belo Monte.

O advogado também defende Dalton Avancini, presidente da Camargo Corrêa, que também aceitou o acordo de delação, mas permanece preso. O acordo deve ser homologado nos próximos dias, o que também fará com que o executivo deixe a prisão em Curitiba.


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