Folha de S. Paulo


Aliados de Kassab pedem recriação do PL e reabrem confronto com PMDB

Nelson Antoine - 10.mar.15/Frame/Folhapress
O ministro Gilberto Kassab (Cidades), por trás da criação do PL, em evento com Dilma Rousseff
O ministro Gilberto Kassab (Cidades), por trás da criação do PL, em evento com Dilma Rousseff

Aliados do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), apresentaram na noite desta segunda-feira (23) ao Tribunal Superior Eleitoral o pedido de recriação do Partido Liberal, ação que representa uma das principais fontes de atrito entre o PMDB e o Palácio do Planalto.

Peemedebistas –incluindo os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (AL)– acusam o Planalto e o ex-prefeito de São Paulo de tentar recriar o PL com o objetivo de atrair integrantes do PMDB e da oposição para a legenda.

A intenção final seria esvaziar o poder dos correligionários do vice-presidente Michel Temer (PMDB) na coalizão governista.

Devido a isso, o Congresso, sob o comando do PMDB, aprovou no início do mês projeto com o objetivo de barrar as pretensões de Kassab. O texto desestimula a filiação a novos partidos. Mas Dilma não havia sancionado ou vetado o projeto até o final da tarde desta terça-feira (24), último dia de prazo para que ela se posicione sobre o tema.

Com isso, os aliados de Kassab se apressaram em entrar com o pedido de registro da nova agremiação devido à interpretação de que o ato, feito antes a eventual sanção da lei, permite ao PL se beneficiar da legislação em vigor até agora.

O projeto aprovado pelo Congresso, de autoria do líder da bancada do oposicionista DEM, Mendonça Filho (PE), estabelece que novos partidos só podem se fundir após cinco anos de sua criação. Além disso, determina que o apoio à criação de partidos só pode ser dado por pessoas que não estejam filiadas a outras legendas, o que inviabilizaria boa parte das assinaturas colhidas pelos aliados do ex-prefeito de São Paulo.

ASSINATURAS

No pedido, os aliados de Kassab dizem já ter as quase 500 mil assinaturas de apoio necessárias para que o partido seja criado, mas que devido a uma suposta demora da análise pelos cartórios eleitorais, a totalidade dessas assinaturas só será enviada posteriormente ao tribunal.

Reportagem da Folha de fevereiro mostra que parte das assinaturas coletadas para a criação da sigla são fraudadas.

Desde a reeleição de Dilma, Kassab articula nos bastidores a recriação do PL, sob bombardeio aberto do PMDB. Em público, ele nega relação com a empreitada. Peemedebistas dizem que o ex-ministro da educação Cid Gomes (Pros) também está por trás da movimentação, o que ele nega.

Cid perdeu o posto na última semana após bater boca publicamente com peemedebistas no Congresso. Há alguns meses ele chegou a propor a Dilma a criação de uma frente de centro-esquerda na coalizão governista para diminuir o peso do PMDB.

Criado, o novo PL atrairia peemedebistas e integrantes da oposição para o partido, já que a lei não prevê punição por infidelidade partidária pela migração para novas legendas. O segundo passo seria fundir o PL ao PSD e criar uma sigla governista que rivalize com o PMDB.


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