Folha de S. Paulo


Tucano, governador de Goiás faz discurso exaltado em defesa de Dilma

Beto Barata - 19.mar.2015/Folhapress
Dilma com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), durante evento em Goiânia
Dilma com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), durante evento em Goiânia

O governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, fez nesta quinta-feira (19) um discurso exaltado em defesa da presidente Dilma Rousseff.

A petista foi a Goiânia para a assinatura da ordem de serviço para o início das obras do BRT Norte-Sul, um corredor de ônibus de 21 km de extensão. No último domingo (15), uma manifestação contra o governo dela reuniu 60 mil pessoas na capital, segundo a Polícia Militar.

Chamado para discursar antes de Dilma, Perillo foi recebido com gritos e vaias por parte da plateia, composta principalmente por apoiadores da presidente. A cidade é administrada pelo prefeito Paulo Garcia (PT).

"É dispensável dizer que recebi muitos conselhos, presidenta, para não estar aqui", declarou Perillo ao assumir o microfone. "Eu disse que se eu, em todos os momentos, jamais concordei com a intolerância e com as injustiças em relação à presidente, se eu sempre a recebi aqui respeitosamente, não vou temer comparecer a algum evento onde eventualmente alguma claque pode me hostilizar. Venho aqui como governador legitimamente reeleito do Estado de Goiás para receber uma presidente da República que foi legitimamente reeleita e que tem o meu apoio à sua governabilidade."

Ao defender Dilma, Perillo passou a ser aplaudido por toda a plateia.

Beto Barata - 19.mar.2015/Folhapress
Sob vigilância da segurança, mulheres fazem um panelaço
Sob vigilância da segurança, mulheres fazem um panelaço

"O Brasil não pode ser vítima da intolerância, do desrespeito. Não pode ser vítima de minorias que não querem uma democracia onde o republicanismo possa prevalecer", continuou o governador, destacando seu relacionamento com os prefeitos petistas das principais cidades do Estado.

Perillo disse ainda que já teve a "coragem" de defendê-la em muitos momentos dentro do PSDB. "Sou de um outro partido, que às vezes faz oposição à senhora, mas eu não. Nunca ninguém ouviu aqui em Goiás uma palavra minha que não fosse de respeito e de reconhecimento ao trabalho de Vossa Excelência."

"Onde quer que eu esteja, continuarei a dizer essas palavras de respeito, de apoio a Vossa Excelência. Não me importo com minorias que muitas vezes atuam tão somente com o objetivo de desrespeitar as pessoas. Não à intolerância, pela democracia no Brasil, pelo republicanismo e pelas muitas parcerias que temos hoje e ainda haveremos de ter daqui pra frente", concluiu o tucano.

Após o discurso, Perillo foi cumprimentado por Dilma com um abraço e tapas nas costas. Em retribuição, ela também exaltou a "parceria" com o governador, "acima de nossas diferentes filiações partidárias".

"Somos um país democrático, em que a gente disputa durante a eleição. Acabou a eleição, eleitos aqueles que o povo escolheu, a gente passa a governar. Ele, para toda população de Goiás, e eu para toda a população do Brasil. Por isso, os nossos caminhos, governador, sempre se encontraram, porque somos republicanos e democratas", declarou Dilma.

A petista afirmou que a democracia foi conquistada apesar de "prisões, exílios e mortes", em um processo que "muitas pessoas mais novas não viveram".

Nos protestos do último domingo, além dos pedidos de impeachment, houve grupos que defenderam intervenção militar no país.

Como tem feito desde o panelaço realizado no último dia 8 durante seu pronunciamento em cadeia de rádio e TV, Dilma defendeu o "respeito" à democracia e ao "direito de falar e de ouvir". Pediu ainda tolerância e humildade no diálogo.

"Peço tolerância e peço uma outra questão: diálogo. Porque diálogo implica que a gente olhe o próximo, aquele com quem dialogamos, como uma pessoa igual a nós. Que a gente tenha a humildade de nos colocar a nível de todos e não nos achar nem melhor e nem pior do que ninguém."

A organização do evento isolou o acesso em um raio de cerca de um quilômetro ao redor do Paço Municipal, onde aconteceu o evento. Uma pista da BR-153, que dá acesso ao local, foi bloqueada. Apenas carros e pessoas autorizadas circulavam pelas ruas próximas ao espaço. Também havia tapumes em volta da área de eventos do Paço, impedindo a visão de pessoas de fora. A segurança foi feita pela Guarda Civil Metropolitana, Polícia Militar e Exército.

Segundo a Prefeitura de Goiânia, 3.500 pessoas participaram da solenidade. Algumas pessoas da plateia usavam adesivos com o rosto da presidente.

Um pequeno grupo de manifestantes contra o governo Dilma tentou se aproximar do local do evento, mas saiu logo após a chegada da presidente, segundo agente de trânsito que trabalhava no local. Um panelaço e um buzinaço no horário da solenidade haviam sido marcado pelas redes sociais pelo Movimento Brasil Livre-Goiás.


Endereço da página: