Folha de S. Paulo


Michel Temer diz que governo não se impressiona 'negativamente' com atos

Um dia depois dos protestos que pediram a saída da presidente da República, Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer afirmou que o governo não deve se "impressionar negativamente" com as demonstrações nas principais capitais do país.

Segundo ele, é preciso "aplaudir o movimento" que, além de mostrar uma "força extraordinária da participação popular", é um "incentivador de soluções" que talvez não viessem. Temer participou, na tarde desta segunda-feira (16), de um almoço na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio), com políticos e empresários –entre eles o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes.

Temer participou de reunião ministerial da presidente para buscar soluções para reagir aos protestos deste domingo. Segundo ele, uma das sugestões que deu foi que o governo estivesse aberto ao diálogo com os diversos setores da sociedade e que desse demonstrações de humildade nesses debates.

Ele falou que, neste momento, qualquer resposta que o governo possa dar passa por ajuste econômico.

Ainda que tenha dito que foi uma minoria que pediu a saída de Dilma da presidência durante os protestos, Temer afirmou que quando se vê um "clamor das ruas" da magnitude do último domingo é porque há algo errado.

"Não vamos nos impressionar negativamente com os acontecimentos de ontem. Vamos nos impressionar positivamente, porque isso está a revelar uma força extraordinária da democracia, da participação popular, uma força extraordinária daqueles que ao dizerem não a isto e aquilo estão querendo melhorar o país e não atrapalhar o país. Portanto, eu devo aqui, do meu ângulo, aplaudir o movimento que se deu nas ruas, porque ele é incentivador de soluções que se não fossem os movimentos talvez não viessem", disse.

Temer afirmou que encontrou nesta manhã uma presidente aberta ao diálogo com a sociedade e empenhada em encontrar uma saída para a crise. Afirmou não acreditar que a reforma ministerial seja, neste momento, uma saída. Em suas palavras, a mudança nas cadeiras não "é indispensável" ou "uma medida solucionadora".

REFORMA POLÍTICA

O vice-presidente afirmou ainda que o momento é o ideal para emplacar no Legislativo uma proposta de reforma política, que chamou –parafraseando Ulisses Guimarães– de "a mãe de todas as reformas".

Temer defendeu uma reforma nos termos defendidos pelo PMDB, começando pelo processo eleitoral, com eleições majoritárias para os cargos legislativos. Ou seja, a eleição de parlamentares seria de acordo com a votação nominal de cada um, e não pelo uso do coeficiente eleitoral, que considera também os votos que o partido recebeu.

Temer lembrou que a medida poderia reduzir as coligações entre partidos e levar a redução do número de legendas, "uma consequência natural".

"A governabilidade fica difícil com 28 partidos na Câmara, por exemplo."

O vice-presidente é contra a extinção do financiamento privado de campanha, sugerido pelo PT. Ele disse apenas que acha que uma empresa não poderia doar para mais de uma campanha nas eleições majoritárias.

Ele defendeu também que fosse discutido a possibilidade de juntar todo o calendário eleitoral, que numa mesma eleição se decidam todos os cargos de uma só vez. Atualmente, as eleições municipais ocorrem com intervalo de dois anos dos pleitos federal e estaduais.


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