Folha de S. Paulo


Nome forte do PT no MS recebeu recursos do esquema de doleiro

O deputado federal Vander Loubet (PT-MS), sobrinho do ex-governador Zeca do PT (MS) e um dos principais nomes do PT no Mato Grosso do Sul, recebeu recursos do empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro do presidente Fernando Collor, e "operava tanto com os fundos de pensão quanto com algumas subsidiárias da Petrobras, como a BR Distribuidora".

As informações partiram do doleiro Alberto Youssef em depoimentos que prestou no acordo de delação premiada fechado com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

O deputado Loubet se tornou alvo de um dos inquéritos abertos no STF (Supremo Tribunal Federal) abertos pelo ministro relator dos casos da Lava Jato, Teori Zavascki, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Segundo Youssef, os pagamentos a Loubet foram realizados "por meio de uma das 'empresas de fachada' do esquema, a GFD Investimentos, e os numerários entregues no escritório do advogado Ademar Chagas da Cruz", apontado pela PGR como "preposto" do deputado Loubet. O entregador do dinheiro foi, segundo Youssef, Rafael Angulo.

Segundo Youssef, os recursos foram entregues entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014, parte no escritório de Cruz, em Campo Grande (MS), e "parte foi transferida por meio de depósitos".

O doleiro disse que Leoni Ramos não esclareceu o motivo dos pagamentos. Youssef não fez "qualquer intermediação de doações oficiais para o deputado Vander, até mesmo porque o conhece apenas superficialmente".

Na petição em que solicitou a abertura de inquérito, Janot associou Loubet ao deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP). Segundo a PGR, "não se pode entender as atividades de Cândido Vaccarezza sem as atividades desenvolvidas por Vander Loubet, nem as deste sem as daquele".

"Essa influência remontaria a anos anteriores a 2008, mas se tornaria visível a partir da denominada CPI da Petrobras de 2009. Naquela ocasião, capitaneados por Fernando Collor de Mello, Cândido Vaccarezza e Vander Loubet passaram a reger as indicações no âmbito da BR Distribuidora", escreveu Janot.

Em dezembro passado, quando surgiram notícias de que Loubet estava citado nos autos da Operação Lava Jato, a assessoria do parlamentar divulgou nota segundo a qual o deputado "manifesta estranheza acerca da notícia; o deputado se coloca a disposição da Justiça para que os fatos sejam esclarecidos com a maior brevidade possível".


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