Folha de S. Paulo


PP tem maior número de investigados; filiados davam relógios Rolex a Costa

Um dos principais delatores do esquema de corrupção da Petrobras, Paulo Roberto Costa recebia mimos, como um relógio Rolex, de congressistas do PP, como retribuição por abastecer o caixa do partido com recursos desviados da estatal. A informação consta na delação premiada do próprio Costa.

Então diretor de Abastecimento da empresa, ele chegou a receber um pagamento em dinheiro de R$ 200 mil dos deputados José Otávio Germano (RS) e Luiz Fernando Faria (MG), segundo o delator. A entrega, diz, foi feita no luxuoso hotel Fasano, em Ipanema.

Responsáveis por sua indicação, os parlamentares do PP representam mais da metade do número total de investigados. Ao todo, são 49 pessoas alvos de inquéritos, sendo 34 congressistas –12 senadores e 22 deputados.

A bancada do PP na Câmara tem 40 deputados e terá 18 investigados. Na Câmara, PMDB e PT têm dois investigados cada um.

Dos cinco senadores do PP, três estão na mira do Supremo. A apuração envolve o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (MA), o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, Arthur Lira (AL), e o líder na Casa, Eduardo da Fonte (PE). Para o PP, há relato de pagamentos de até R$ 5 milhões em propina.

Entre os senadores, o PMDB, maior bancada da Casa, tem quatro investigados. Há nomes importantes como o dos senadores Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RO) e o ex-ministro de Minas e Energia e senador Edison Lobão (MA). O PT tem outros três, o PSDB e o PTB tem um senador cada.

Todos esses investigados foram citados nas delações de Paulo Roberto ou do doleiro Alberto Youssef, como beneficiários do esquema que atuava na Petrobras.

A diretoria de Abastecimento, comandada por Costa, servia inicialmente para abastecer repasses ao PP, que eram operados por Youssef, e depois passou a atender também o PMDB. Por isso a prevalência de citações a parlamentares do PP.

Em sua delação, o doleiro inclusive cita parlamentares que foram buscar pessoalmente dinheiro no escritório de sua empresa, a GFD, em São Paulo.

O rol de investigados também traz a ex-ministra e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Marido da senadora, o ex-ministro Paulo Bernardo não é alvo de inquérito. Procuradores haviam dito que haveria um pedido de investigação sobre ele, mas optaram por ouvi-lo como testemunha no inquérito de Gleisi.

A apuração sobre o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) será por ter recebido recursos de Youssef, segundo declarações do doleiro.


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