O Tribunal de Justiça do Paraná determinou nesta quarta-feira (4) que os professores da rede estadual, em greve há mais de três semanas, voltem imediatamente ao trabalho. A decisão atende a um pedido do governo do Estado, que solicitou que a mobilização fosse considerada ilegal.
O secretário Eduardo Sciarra, chefe da Casa Civil do governo de Beto Richa (PSDB), disse que, se necessário, a Polícia Militar será chamada para garantir o acesso às escolas já nesta quinta-feira (5).
Mesmo com a ordem judicial, muitos colégios não devem ter aula nesta semana, já que a paralisação atrasou trabalhos de planejamento e de distribuição de turmas e professores.
O desembargador Luiz Mateus de Lima, responsável pela liminar, considerou que a greve estava causando prejuízo ao calendário escolar e que o governo já havia se comprometido a atender algumas das reivindicações do sindicato.
Em caso de descumprimento, a multa estipulada pelo tribunal é de R$ 20 mil por dia. Foi estabelecido um prazo de 24 horas para que os filiados ao sindicato sejam comunicados da medida.
Procurado, o sindicato dos professores disse que ainda não foi notificado e que ainda não tem um posicionamento sobre a determinação.
Na manhã desta quarta, os grevistas haviam promovido uma assembleia com cerca de 20 mil pessoas em que ficou decidida a continuidade da paralisação. Eles reclamam que o governo insiste em propor mudanças na Previdência do Estado e ainda não apresentou um cronograma de pagamento de benefícios atrasados.
"GERENTE DE RH"
À tarde, os professores da rede estadual acompanharam na Assembleia Legislativa uma sessão especial com o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, que apresentou dados sobre a crise financeira do Paraná. Com déficit nas contas, o governo vem atrasando pagamentos e cortando gastos.
Costa apontou a situação da Previdência como o principal problema das contas estaduais e disse que o Estado está impossibilitado de fazer investimentos devido aos gastos com pessoal. "Se mantiver a situação, vamos transformar o governador em um gerente de recursos humanos", disse ele.
Na mesma sessão, os deputados votaram uma proposta que acaba com a "comissão geral" da Assembleia, artifício que era utilizado para apressar a tramitação de projetos.
Algumas propostas eram analisadas direto por essa comissão, sem a necessidade de receber o aval convencional de várias comissões da Casa. A tramitação acelerada era apelidada por sindicalistas e oposicionistas como "tratoraço" e também era alvo de protestos.