Folha de S. Paulo


Governo do Paraná pede que Justiça declare ilegal a greve dos professores

O governo do Paraná entrou na Justiça, no final da tarde desta sexta-feira (27), pedindo que a greve dos professores estaduais seja considerada "abusiva e ilegal".

Os docentes da rede pública estão paralisados há três semanas. Não houve aulas em nenhuma das 2.100 escolas estaduais do Paraná nesse período. São 970 mil estudantes afetados.

O governo de Beto Richa (PSDB) entendeu que um acordo para encerrar a greve já havia sido atingido na última quarta (25). Em reunião com a APP Sindicato, que representa os professores, o Estado prometeu atender as principais reivindicações da categoria, como pagamento de férias atrasadas e aumento do número de turmas.

O sindicato, porém, manteve a paralisação. Nesta sexta-feira (27), enviou ofício ao Estado afirmando que as propostas foram "insuficientes" e pediu a retomada das negociações. Uma assembleia para definir se a categoria aceita ou não as propostas só acontecerá na próxima quarta-feira (4).

"Há uma desconfiança grande da categoria com este governo, que se comprometeu com muita coisa. Mas não temos garantias de que ele vá mesmo pagar", afirmou Luiz Fernando Rodrigues, secretário de comunicação da APP Sindicato, após a última reunião.

Para o governo, o documento desta sexta rompeu o acordo firmado anteriormente.

O Tribunal de Justiça do Paraná ainda não havia se manifestado sobre o pedido até o fim da noite desta sexta.

'FALTA DE DIÁLOGO'

Procurada, a APP Sindicato se posicionou neste sábado (28) e informou que "não houve acordo firmado entre governo e comissão de negociação" sobre o movimento.

"O governo apresentou suas propostas e a comissão informou que levaria essas propostas para análise da categoria através da realização de uma assembleia", informou o sindicato em e-mail.

Na sexta, ainda de acordo com a APP, o sindicato comunicou oficialmente o governo da posição do comando de greve de que as propostas apresentadas são insuficientes.

"A decisão de judicializar a greve só demonstra a falta de diálogo do governador Beto Richa com a categoria visto que não compareceu a nenhuma das três reuniões de negociações e agora tenta na Justiça deslegitimar um movimento que conta com o apoio de toda a sociedade e é em defesa da educação pública."

Ainda segundo a APP, a iniciativa de Richa recorrer à Justiça "fere o direito constitucional de greve e convenções internacionais que tratam do direito de greve dos trabalhadores".


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