Folha de S. Paulo


Operador de contas secretas do petrolão submerge na Suíça

Suspeito de montar uma rede de contas secretas no exterior por onde circularam milhões de dólares em propinas da Petrobras, Bernardo Schiller Freiburghaus submergiu na Suíça –país onde tem cidadania.

Freiburghaus consta como morador de um apartamento de andar inteiro em uma zona exclusiva de Genebra, Suíça. De frente para o rio Ródano, o imóvel –na verdade, dois apartamentos unidos em um único– pode valer entre dois e três milhões de francos suíços (entre R$ 6 e 9 milhões), segundo imobiliárias de Genebra.

A Folha esteve no prédio que fica no Quai des Forces-Motrices –com vista para um badalado centro cultural com o mesmo nome–, mas não encontrou Freiburghaus. Após tocar o interfone, a reportagem chegou ao segundo andar, onde fica o apartamento, e uma mulher abriu a porta. Ao ouvir a identificação do repórter, a mulher pediu desculpas em português e fechou bruscamente a porta.

O economista Ricardo Schiller Freiburghaus, irmão de Bernardo, desligou o telefone ao ouvir o pedido de entrevista. "Eu não sei onde ele está".

Graciliano Rocha - 26.fev.2015/Folhapress
Prédio em que Bernardo Schiller Freiburghaus tem apartamento, em Genebra, Suíça
Prédio em que Bernardo Schiller Freiburghaus tem apartamento, em Genebra, Suíça

Em um dos depoimentos que compoem a delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, Freiburghaus foi o elo entre a construtora Odebrecht e o esquema de corrupção. A empreiteira nega que tenha pago suborno a Costa.

Segundo Costa, o operador montou a engenharia financeira das contas do delator na Suíça por onde circularam ao menos US$ 23 milhões (R$ 66 milhões) vindas da Odebrecht.

Dono de uma empresa chamada Diagonal Investimentos, sediada no Rio, Bernardo Freiburghaus foi indicado a Costa pelo diretor da Odebrecht Plantas Industriais, Rogério Araújo, segundo o depoimento do delator de 4 de setembro de 2014.

O ex-diretor da estatal afirmou que Freiburghaus era quem movimentava as contas e que, a cada dois meses, eles se encontravam para conferir as movimentações. Extratos eram destruídos para não deixar provas.

Para dificultar o rastreamento, a engenharia financeira usou pelo menos quatro bancos e, periodicamente, o dinheiro era redistribuído por novas contas secretas.

A Justiça Federal decretou mandado de coeção coercitiva para que Freiburghaus depusesse sobre as acusações de Paulo Roberto Costa, mas ele não foi encontrado em seus endereços no Brasil.

A advogada de Freiburghaus, Fernanda Telles, não respondeu a e-mails e telefonemas da Folha. Em ofício à Polícia Federal, a advogada disse que o seu cliente vivia na Suíça e que "vai declarar oportunamente que nenhuma ilegalidade praticou".


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